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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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Se por um lado a Bíblia legitima o propósito da revelação geral, por outro, nega a<br />

validade da teologia natural quando baseada apenas na razão humana. Não se pode<br />

refletir sobre a verdade proveniente da revelação geral e, a partir daí, desenvolver uma<br />

teologia que habilite alguém a obter o conhecimento salvífico de Deus. O que Paulo<br />

afirma em Romanos 1 e 2 concernente à revelação geral deve ser entendido à luz do<br />

capítulo 3. Neste capítulo, o apóstolo enfatiza o fato de todos haverem fracassado quanto<br />

ao ideal divino, não havendo, por conseguinte, nenhum justo sobre a terra (Rm 3.23). A<br />

revelação geral não tem como meta proporcionar, a partir das verdades que ela revela um<br />

conhecimento adicional de Deus. Mas à semelhança "da Lei (da Escritura), a revelação<br />

geral serve meramente para denunciar o culpado, e não para justificá-lo". 41 Este fato,<br />

contudo, leva o crente a regozijar-se na verdade (SI 19.1), e pode ser usado pelo Espírito<br />

para induzir-nos a procurar a verdade (At 17.27).<br />

Em resposta à turbulenta questão de a justiça divina condenar os que jamais ouviram o<br />

Evangelho de maneira convencional, Millard J. Erickson afirma: "Ninguém jamais ficou<br />

completamente sem tal oportunidade. Todos conhecem a Deus. E se alguém ainda não o<br />

percebeu de forma efetiva, é sinal de que a verdade já está sufocada em sua vida. Eis<br />

porque todos são responsáveis". 42 E indispensável, todavia, encarar a revelação geral não<br />

como se fora a insensibilidade de Deus, e, sim, como mais uma demonstração de sua<br />

misericórdia (11.32). "A revelação geral cósmico-antropológica caminha lado a lado com<br />

a revelação especial de Deus, em Jesus Cristo, não somente por pertencerem ambas à<br />

revelação divina progressiva, mas porque a revelação geral estabelece e enfatiza a culpa<br />

universal do ser humano, a quem Deus oferece resgate na manifestação especial da redenção<br />

na pessoa de seu Filho". 43<br />

A semelhança da Lei escrita, a revelação geral condena os pecadores com o objetivo<br />

de lhes apontar um Redentor que lhes transcenda. Seu intento é guiá-los à revelação especial.<br />

Pois a insuficiência da revelação geral para salvar a humanidade caída necessitava da<br />

revelação especial de Jesus Cristo como a Verdade que liberta o povo das cadeias do<br />

pecado (Jo 8.36).<br />

A REVELAÇÃO ESPECIAL<br />

Posto não podermos conhecer o plano divino da redenção por meio de alguma<br />

teologia natural, precisamos de uma teologia revelada mediante uma revelação especial<br />

de Deus. Por exemplo: normas, mandamentos e proibições morais foram estabelecidos<br />

para Adão, no Eden, pela revelação especial, e não geral. Embora antecedesse à Queda, a<br />

revelação especial é primariamente entendida em termos de "propósito redentor". A<br />

revelação especial complementa o desvendamento que Deus fez de si mesmo na natureza,<br />

na história e na humanidade, e edifica-se no alicerce da revelação geral. Mas, levando-se<br />

em conta que a revelação geral não pode trazer a salvação, as verdades adicionais<br />

contidas na revelação especial são essenciais à felicidade eterna do ser humano (Rm<br />

10.14-17).<br />

Pessoal. "Através do Cristo revelado nas Escrituras inspiradas, o homem chega a<br />

conhecer a Deus pessoalmente num relacionamento de redenção. Começando com o<br />

conhecimento de coisas a respeito de Deus (sua existência, perfeições e exigências<br />

morais), o homem adquire conhecimentos práticos do próprio Deus por intermédio da<br />

comunhão pessoal”. 44 Embora a neo-ortodoxia considere que a revelação, especial exista<br />

somente na Pessoa de Cristo, 45 e classifique as Escrituras como mera "testemunha" dessa<br />

revelação divina, "o cristianismo evangélico reconhece como revelação tanto o Verbo<br />

vivo quanto a Palavra escrita". 46<br />

A restrição neo-ortodoxa da revelação a um encontro pessoal não-proposicional com<br />

Deus, que é "totalmente outro", também deixa de respeitar devidamente o conteúdo do<br />

ensino bíblico. Embora o Verbo represente a forma mais sublime da revelação que Deus

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