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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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Os pentecostais sustentam que o falar em outras línguas era a experiência normal,<br />

esperada de todos os crentes neotestamentários batizados no Espírito Santo. Isto é, "a<br />

atividade primária consequente ao recebimento do Espírito Santo foi a de falar em<br />

línguas". Por causa disso, Lucas não via necessidade de ressaltar o falar em outras línguas<br />

cada vez que narrava uma nova ocorrência. Os leitores de Lucas deviam saber que os<br />

crentes falavam em outras línguas quando eram batizados no Espírito Santo. Por isso os<br />

pentecostais sustentam que não somente os convertidos samaritanos, mas também Paulo<br />

e outros que Lucas descreve, manifestaram a evidência inicial de falar em outras línguas.<br />

No caso de Paulo, ressaltam sua declaração aos coríntios de que falava em outras línguas<br />

(1 Co 14.18). Baseado nisso, Ervin apresenta um sólido argumento em favor de sua<br />

afirmação de que "Paulo também falava em outras línguas quando recebeu o dom<br />

pentecostal do Espírito Santo". 49<br />

Resumindo: os pentecostais observam que, em alguns casos, Lucas descreve<br />

detalhadamente o batismo no Espírito Santo (os discípulos no dia de Pentecostes,<br />

Cornélio e os efésios). Em cada um desses casos, o falar em outras línguas é a evidência<br />

clara dessa experiência. Nos casos em que não menciona especificamente as línguas (por<br />

exemplo: os samaritanos e Paulo), estas eram manifestas, porém não havia necessidade<br />

de reiterar sempre os pormenores. Os pentecostais acreditam que o falar em línguas era a<br />

evidência inicial em todos os casos; sustentam que Lucas revelou um padrão consistente<br />

no período do Novo Testamento - uma experiência distintiva do batismo no Espírito<br />

Santo, separável da regeneração e evidenciada inicialmente pelo falar em outras<br />

línguas. 50<br />

Além disso, os pentecostais sustentam que os relatos de Lucas não somente revelam<br />

esse padrão, mas também ensinam que falar em outras línguas é normativo para a<br />

doutrina e prática cristãs. Isso significa que, no decurso da história da Igreja, sempre se<br />

esperou o falar em outras línguas como evidência inicial do batismo no Espírito Santo.<br />

Assim devem ser entendidas as narrativas em Atos porque, afinal de contas, Lucas<br />

escrevia não somente como historiador, mas também como teólogo. Descrevia a obra do<br />

Espírito Santo nos crentes e através dos crentes da era da Igreja. Embora os incidentes<br />

tenham ocorrido em âmbito histórico específico, nem por isso devemos negar o padrão<br />

como normativo à totalidade da era da Igreja. Afinal de contas, a era da Igreja é o período<br />

em que a presença do Espírito Santo precisa estar em evidência na vida dos crentes. Suam<br />

presença é necessária para operar através dos crentes, a fim de que possam levar a graça<br />

salvífica de Cristo àqueles que estão sem Deus. Concluindo: os pentecostais creem (1)<br />

que o batismo no Espírito Santo é a vinda daquela presença e poder especiais do Espírito<br />

e (2) a evidência inicial disso hoje, assim como em Atos dos Apóstolos, é o falar em<br />

outras línguas.<br />

OUTRAS EVIDÊNCIAS DO BATISMO<br />

É importante observar que, na interpretação pentecostal, o falar em línguas é somente<br />

a evidência inicial do batismo no Espírito Santo. Outras evidências da presença especial<br />

do Espírito vão seguindo na vida daqueles que o receberam.<br />

Alguns escritores sugerem que o "fruto do Espírito" (Gl 5.22), ou seja, as qualidades<br />

do caráter cristão, seja a evidência contínua do batismo no Espírito Santo.<br />

Por exemplo, num capítulo intitulado "Os Efeitos da Vinda do Espírito", J. R.<br />

Williams identifica "plenitude da alegria", "grande amor", "compartilhar" e "louvor<br />

contínuo a Deus" entre esses efeitos. 51 Outro escritor pentecostal bem conhecido, Donald<br />

Gee, observa que a ideia do fruto do Espírito como evidência do batismo no Espírito<br />

Santo é um ensino "comum e popular". Mas nos adverte contra essa ideia: "O fruto do

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