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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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experiência. Tal acusação não procede; o pentecostal considera que a experiência<br />

produzida pela operação do Espírito Santo acha-se abaixo da Bíblia no que tange à<br />

autoridade. A experiência corrobora, enfatiza e confirma as verdades da Bíblia, e essa<br />

função do Espírito é importante e crucial.<br />

O MÉTODO TEOLÓGICO<br />

Visto ser importante que a teologia sistemática se baseie na Bíblia, nesta seção<br />

lidaremos com o método teológico, especialmente na sua interação com a exegese e a<br />

teologia bíblica.<br />

A EXEGESE E A TEOLOGIA BÍBLICA COMO MATRIZ<br />

Várias etapas de desenvolvimento existem nesse processo teológico, onde a pessoa<br />

passa da Bíblia à teologia sistemática: (1) a exegese e a interpretação dos textos individuais;<br />

(2) a síntese dessas interpretações de conformidade com algum sistema de teologia<br />

bíblica; 28 e (3) a apresentação desses ensinos na linguagem do próprio teólogo<br />

sistemático, visando suas próprias necessidades e as do seu povo. 29<br />

Na teologia ocidental, é comum utilizar-se de algum princípio organizador,<br />

empregado na formulação de um conjunto coerente de doutrinas. Em seguida, a teologia<br />

bíblica é apresentada (sem nenhuma alteração de seu significado) numa linguagem clara a<br />

fim de comunicar a mensagem de Deus, ajudando os fiéis a solucionar os seus problemas.<br />

Para manter o nível da autoridade bíblica no decurso da elaboração da teologia<br />

sistemática, é necessário que a pessoa que elabora tais estudos evite a dedução. Com isso,<br />

queremos dizer que o teólogo não deve começar com uma declaração teológica geral,<br />

tentando impô-la ao texto bíblico para obrigar a Bíblia a dizer o que ele quer, torcendo o<br />

significado real do texto. Pelo contrário: o estudo exegético cuidadoso do texto bíblico<br />

deve levar (indutivamente) a uma declaração teológica.<br />

A NATUREZA E A FUNÇÃO DA EXEGESE<br />

O alvo da exegese é deixar as Escrituras dizerem o que o Espírito Santo pretendia que<br />

se dissesse no seu contexto original. No caso de cada texto, portanto, o intérprete deve<br />

analisar o contexto social e histórico, o gênero literário e outros fatores afins, e a luz<br />

lançada pelos idiomas originais. Faremos algumas observações a respeito de cada um<br />

desses fatores, nesta mesma ordem.<br />

Quanto ao contexto social e histórico, o escritor bíblico pressupunha que seus<br />

ouvintes possuíam certa base cultural e histórica comum a todos. Boa parte desta era<br />

tomada por certa mais que declarada. Devemos tomar o cuidado de não supor<br />

ingenuamente ser a base cultural e histórica do escritor bíblico a mesma de nossos dias.<br />

Não é a mesma. Entre o intérprete e qualquer texto bíblico há vastas diferenças culturais e<br />

históricas.<br />

Howard C. Kee explica que o significado de uma palavra pode ser determinado<br />

somente pelo exame do contexto social em que é usada. Por exemplo: tendo consciência<br />

dos fatores sociais e culturais, podemos ver que Mateus emprega o termo "justiça" como<br />

"uma qualidade de comportamento... exigida por Deus, e que deve ser posta em prática<br />

pelos seus servos fiéis", ao passo que Paulo, num contexto diferente, emprega-o no<br />

sentido de uma "ação mediante a qual Deus endireita as coisas”. 30<br />

Além disso, devemos tomar consciência do gênero literário, do tipo específico de<br />

documento ou forma literária que estamos examinando. Ter consciência da natureza de<br />

um documento é um dos princípios fundamentais da interpretação. 31 A não ser que<br />

saibamos como um texto foi composto, e o motivo pelo qual o foi, não perceberemos o<br />

seu sentido.

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