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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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atalha dualista com o deus do mal, e não tivesse nenhuma esperança de vencer sem<br />

acossa ajuda. 60 Conforme já foi observado, esse dualismo seria uma contradição contra o<br />

que as Escrituras sustentam a respeito da soberania absoluta de Deus. Nem podemos<br />

responder as tais perguntas, declarando que a oposição e a destruição realizadas por<br />

Satanás fazem parte da vontade de Deus para a humanidade, como se a totalidade da<br />

realidade fosse um monismo determinado exclusivamente por Deus, sem nenhum senso<br />

de conflito genuíno pelas forças do mal que se opõem a Ele. 61 Esse monismo seria uma<br />

contradição daquilo que já foi notado a respeito da oposição genuína entre as forças das<br />

trevas e o amor do Senhor soberano e seus propósitos para a redenção da humanidade.<br />

Tais perguntas têm a ver com a "teodicéia" (justificar a Deus diante do mal e do<br />

sofrimento). Introduzir as complexidades do problema dentro do contexto deste capítulo<br />

não é possível, mas umas poucas palavras de explicação seriam bem apropriadas a essas<br />

alturas. 62<br />

Historicamente, a Igreja tem ressaltado duas considerações correlatas entre si, que são<br />

mui relevantes para uma orientação bíblica sobre as perguntas retrocitadas. Primeiro:<br />

Deus criou a humanidade com a liberdade de se rebelar contra suas orientações e<br />

desígnios e, assim, tornar-se vulnerável à oposição satânica. Deus permitiu que a<br />

oposição satânica existisse a fim de testar a sinceridade dos seres humanos que,<br />

livremente, se declararam a favor dEle. Segundo: o plano de Deus é triunfar sobre a<br />

oposição satânica, não somente em favor dos crentes, mas também através deles. Por isso,<br />

o triunfo da graça divina tem uma história e um desenrolar. Esse triunfo não depende<br />

necessariamente da cooperação humana para seu progresso e realização, mas certamente<br />

inclui a história da fiel obediência da humanidade a Deus no seu cumprimento<br />

estratégico.<br />

Na estratégia da redenção, a tolerância divina quanto à oposição satânica é só<br />

provisória; não faz parte do processo de redenção da humanidade. Pelo contrário: a<br />

vontade de Deus é que todos triunfemos sobre a oposição satânica. Deus não está<br />

secretamente por trás das obras de Satanás, embora possa obrigar tais obras a<br />

concorrerem para a redenção do homem. Mas não há nada em comum entre Satanás e<br />

Deus. Satanás não tem nenhuma participação na redenção que o Senhor traçou à raça<br />

humana. Deus está claramente ao lado da libertação e da redenção de tudo quanto Satanás<br />

intenta destruir e oprimir.<br />

Isso não responde a todas as perguntas a respeito de "como?" e "por quê?" existem<br />

males e sofrimentos no mundo. A dificuldade das soluções filosóficas tais como o<br />

dualismo e o monismo é que procuram fornecer uma resposta definitiva ao problema do<br />

mal. Em última análise, porém, não há resposta definitiva ao problema do mal. Mas<br />

certamente o Evangelho oferece-nos a esperança e a garantia da redenção final em Cristo<br />

Jesus, e também nos conclama a batalhar corajosamente, pela graça de Deus, em favor de<br />

sua realização.<br />

A DEMONOLOGIA E A RESPONSABILIDADE HUMANA<br />

Na cosmovisão dualista, conforme já observamos, Deus não é soberano, nem triunfará<br />

sobre as forças do mal. Semelhante cosmovisão também elimina a liberdade e a<br />

responsabilidade humanas. Isto porque, já não passamos de meras petecas na batalha<br />

entre os deuses do bem e do mal. Tudo quanto acontece na vida humana deve-se a um<br />

poder absoluto (o bem) ou a outro poder absoluto (o mal) que manipulam os eventos<br />

humanos ao guerrearem eles entre si. Dessa forma, nossas decisões não desempenham<br />

nenhum papel no destino da humanidade. Por isso, as religiões dualistas tendem a se<br />

preocupar demasiadamente com a demonologia. 63<br />

A soberania de Deus sobre as forças do mal realmente serve para libertar a<br />

humanidade de semelhante insignificância para que venhamos a desempenhar um papel<br />

decisivo no destino humano. No relato da Criação e da Queda, em Gênesis 1-3, o tentador

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