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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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uns aos outros dentro do Corpo. Esse processo de edificação é descrito por Paulo como<br />

relacionamentos de mútua confiança: pertencemos uns aos outros, precisamos uns dos<br />

outros, afetamos uns aos outros (Ef 4.13-16). 49 Essa mútua confiança inclui abnegação<br />

para ajudarmos a suprir as necessidades uns dos outros. Não somos um clube social mas,<br />

sim, um exército que exige mútua cooperação e solicitude ao enfrentarmos o mundo,<br />

negarmos a carne e resistirmos ao diabo.<br />

Deus não pede nossos conselhos a respeito de quem Ele trará à Igreja. Gálatas 3.26-29<br />

deixa claro que todas as barreiras entre Deus e a humanidade, levantadas ao longo da<br />

história, bem como as barreiras entre uns seres humanos e outros, foram tornadas<br />

irrelevantes por Cristo. O Espírito transcendeu os vínculos e fronteiras humanos, e<br />

colocou-nos numa união onde vivemos na prática as implicações de pertencermos uns aos<br />

outros por causa de nossa mútua fraternidade em Cristo. Quer sejamos ricos ou pobres,<br />

cultos ou incultos, talentosos ou imperitos, e independentemente de nossa etnicidade, não<br />

devemos desprezar uns aos outros nem imaginar que temos uma posição de superioridade<br />

em relação aos outros diante de Deus. Não há favoritismo com Deus (Ef 6.8; Tg 2.1-9).<br />

O emprego por Paulo da metáfora a respeito da Igreja reconhece que todas as partes<br />

do corpo "são interdependentes e necessárias à saúde do corpo". 50 A dinâmica do<br />

relacionamento não é meramente uma opção conveniente. Fomos feitos à imagem de<br />

Deus (Gn 1.26-28), e a Igreja tem o propósito de ser uma restauração corpórea da imagem<br />

quebrada. A Igreja não é simplesmente uma ideia genial, como também é essencial ao<br />

plano divino da redenção (Ef 3.10,11). Deus manifesta sua presença ao mundo através de<br />

um povo interdependente de pessoas que servem umas às outras. 51<br />

Porque o ministério à Igreja reflete uma figura bíblica que representa a Igreja como<br />

um organismo, podemos ver como a dimensão relacional da vida na Igreja é dinâmica, e<br />

não estática. Certamente exercemos algum efeito uns sobre os outros. O ministério à<br />

Igreja corrige a tendência da sociedade ocidental de enfatizar o indivíduo mais do que a<br />

comunidade. O ministério da Igreja inclui equipar um grupo de pessoas que vivem em<br />

mútua comunhão, capacitando-as a crescer até formarem uma entidade amorosa,<br />

equilibrada e madura. Paulo diz claramente em Efésios 4.11-16 que a equipagem dos<br />

santos para o serviço compassivo em nome de Cristo deve acontecer numa comunidade.<br />

O crescimento espiritual e o contexto em que ele ocorre de modo mais eficaz não surgem<br />

por mera coincidência. O amadurecer do crente não poderá acontecer fora da comunidade<br />

da fé. O discipulado não possui nenhum outro contexto que não seja a igreja de Jesus<br />

Cristo, porque não se pode seguir fielmente a Jesus à parte de uma participação cada vez<br />

mais madura com outros crentes na vida e no ministério de Cristo. 52<br />

Koinõnia ("convívio fraternal", "comunhão", "parceria", "participação") é um tema<br />

bíblico que oferece uma perspectiva enriquecedora para a compreensão do ministério à<br />

Igreja. E criada pelo Espírito Santo ao confirmar a afirmação que os crentes fazem em<br />

comum de que Jesus é Senhor da Igreja. A comunidade que mantém sua comunhão na fé<br />

consta, idealmente, como uma lembrança sempre presente diante do mundo de como<br />

parece a vida quando o Reino de Deus está presente. 53 Permeando essa koinõnia, há o<br />

caráter de Cristo, cujo efeito é ensinar e edificar a comunidade cristã. 54 Embora ensinar a<br />

verdade da Palavra de Deus certamente seja um ministério vital à Igreja, os discípulos são<br />

edificados, não somente mediante o ensino da verdade, mas também por estarem numa<br />

comunidade positiva, amorosa e generosa de pessoas que, juntas, estão sendo<br />

conformadas à imagem de Cristo. 55<br />

Os crentes estão amadurecendo para formar uma comunidade que demonstre o<br />

caráter, o poder e a autoridade de Cristo. Logo, as estruturas e processos que<br />

estabelecemos para nosso mútuo amadurecimento e equipamento em Cristo, devem<br />

facilitar o fruto e dons do Espírito. As igrejas que não permitem que a koinõnia do<br />

Espírito crie seu ministério uns com aos outros, perdem a comunhão com Cristo. Ele

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