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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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A COSMOGONIA BÍBLICA E A CIÊNCIA MODERNA<br />

Alguns críticos bíblicos sustentam que não há reconciliação possível entre a<br />

cosmogonia (conceito da origem e desenvolvimento do Universo) bíblica e o que é aceito<br />

pela comunidade científica hoje. Alguns estudiosos da Bíblia, entendendo de modo literal<br />

numerosas figuras de linguagem no Antigo Testamento, argumentam que os hebreus<br />

acreditavam que o Universo consistia de uma terra plana sustentada por "colunas"<br />

colossais sobre um abismo de água. O "firmamento" (céu) 23 em cima era uma arcada<br />

sólida que mantinha afastadas as águas (que ocasionalmente caíam pelas "janelas" da<br />

arcada) que estavam acima da terra. 24<br />

H. J. Austel, rechaçando essa interpretação excessivamente literalista dos textos do<br />

Antigo Testamento, explica: "O emprego de semelhante linguagem figurada não obriga à<br />

adoção de uma cosmologia pagã, assim como o uso moderno da expressão 'pôr-do-sol'<br />

subentende ignorância astronômica. A linguagem figurada é frequentemente fenomenológica,<br />

e é conveniente, além de causar vívido impacto". 25<br />

Mesmo levando-se em conta a linguagem figurada, persistem algumas dificuldades.<br />

Onde se encaixam os fósseis dos dinossauros na cosmologia bíblica? Existem evidências<br />

de um dilúvio global, poucos milhares de anos antes de Cristo? Teria realmente a Terra<br />

4,5 bilhões de anos de idade? A maioria dos evangélicos, convicta de que o mundo de<br />

Deus há de concordar com a sua Palavra, busca respostas a estas intrigantes perguntas - e<br />

a outras também.<br />

De modo geral, os cristãos evangélicos seguem um dos quatro modelos seguintes, que<br />

buscam harmonizar a revelação especial de Deus (a Bíblia) com a revelação geral (o que<br />

observamos no Universo). São eles: (1) evolução teística; (2) teoria da lacuna, ou<br />

conceito da ruína e reconstrução; (3) criacionismo fiat, conhecido também por teoria da<br />

Terra jovem; e (4) criacionismo progressivo, denominado teoria do dia-época.<br />

Examinaremos resumidamente os modelos acima, exceto a evolução teística. O<br />

estudo desta não nos servirá aqui a nenhum propósito útil porque os seus proponentes<br />

aceitam basicamente tudo quanto propõe a evolução secular, entendendo que Deus<br />

apenas supervisionava o processo. 26 Os proponentes da evolução teística costumam negar<br />

que yatsar e 'asah sejam usados em sinonímia paralela nos relatos da criação,<br />

afirmando que, pelo contrário, incluem o conceito da evolução no decurso de longas<br />

épocas de tempo.<br />

Neste estudo, são necessárias ainda certas generalizações. Mesmo que determinado<br />

escritor, dentro de certo modelo, não represente com exatidão o consenso deste em todos<br />

os seus pormenores, podemos, para atender aos nossos propósitos, aproveitar aquele<br />

como representante da posição global. Na realidade, nenhum autor individual concorda<br />

inteiramente com as conclusões de outros adeptos do mesmo conceito geral. E,<br />

finalmente, muitos autores não especificam a identidade do seu modelo.<br />

Deixando de lado, por enquanto, a evolução teística, os outros três modelos<br />

concordam que a macroevolução - a transmutação de determinado tipo de organismo em<br />

um outro mais complexo (a evolução entre as espécies) - nunca aconteceu (no sentido de<br />

um réptil transformar-se em ave, ou um mamífero terrestre em mamífero aquático).<br />

Mesmo assim, concordam que a microevolução - pequenas mudanças dentro de<br />

organismos (a evolução dentro da espécie) - tem acontecido (como as mariposas que<br />

mudam de cor, as mudanças do comprimento do bico e das cores da plumagem de certas<br />

aves ou a variedade que observamos nos seres humanos, embora estes descendam todos<br />

de Adão e Eva). Concordam também que Deus deve ser adorado como Criador e que Ele,<br />

de modo sobrenatural e sem a inteferência de qualquer causa ou agente (por atos criadores<br />

sobrenaturais e distintos entre si), criou os antepassados genéticos dos principais grupos<br />

de organismos de plantas e animais hoje conhecidos. E, finalmente, concordam que os<br />

seres humanos derivam o seu valor do fato de haverem sido criados diretamente à

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