17.02.2017 Views

Teologia Sistemática - Stanley Horton

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

deixava de lado uma doutrina-chave do dispensacionalismo: a separação entre a Igreja e<br />

Israel). Essa doutrina foi popularizada e reforçada pelos escritos de Riggs, Boyd, Dake,<br />

Brumback, John G. Hall e T. J. Jones. As referências no Novo Testamento ao "Reino de<br />

Deus" (definido resumidamente como o senhorio ou governo de Deus) como realidade<br />

presente nos corações dos redimidos, passaram quase que desapercebidas, ao passo que<br />

seu futuro aparecimento milenar recebe consideração extensiva. 66<br />

Segundo o dispensacionalismo histórico, a promessa do reino restaurado de Davi<br />

havia sido adiado até ao Milênio, porque os judeus tinham rejeitado a oferta que Jesus<br />

lhes fizera do reino. A rejeição levou ao adiamento do cumprimento da profecia de Joel,<br />

da restauração de Israel e do derramamento do Espírito, para depois da segunda vinda de<br />

Jesus. Os eventos registrados em Atos 2, portanto, representavam apenas uma bênção<br />

inicial de poder para a Igreja Primitiva. Israel e a Igreja eram, logicamente, mantidos<br />

separados; daí surgiu a postura anti-pentecostal subjacente desse sistema da interpretação<br />

das Escrituras. 67<br />

Para os pentecostais, porém, a profecia de Joel tinha sido cumprida no Dia de<br />

Pentecostes, conforme indica a declaração de Pedro: "Isto é o que foi dito..." (At 2.16).<br />

Infelizmente, a complacência dos pentecostais diante do dispensacionalismo impediu a<br />

busca das implicações de algumas das referências ao reino (presente) e das reivindicações<br />

ao poder apostólico nos últimos dias (ver Mt 9.35; 24.14; At 8.12; 1 Co 4.20, entre<br />

outros).<br />

Certos teólogos, notavelmente, Ernest S. Williams e <strong>Stanley</strong> M. <strong>Horton</strong>, fizeram uma<br />

nítida identificação entre o reino de Deus e a Igreja ("o Israel espiritual"), reconhecendo a<br />

conexão de suas crenças com a atividade contemporânea do Espírito Santo na Igreja. 68<br />

Depois da Segunda Guerra Mundial, os evangélicos voltaram à atenção para o estudo<br />

das implicações teológicas e missiológicas do Reino de Deus, sendo que esse interesse,<br />

por parte dos pentecostais, chegou a formar um paralelo com o dos evangélicos. O<br />

conhecido missiólogo das Assembleias de Deus, Melvin L. Hodges, reconhecia a<br />

importância do reino para a compreensão de uma teologia neotestamentária de missões.<br />

Discursando no Congresso da Missão Mundial da Igreja, em Wheaton College, em abril<br />

de 1966, declarou que a Igreja é "a manifestação presente do Reino de Deus na terra, ou<br />

no mínimo, a agência que prepara o caminho para a manifestação futura do reino. Sua<br />

missão, portanto, é a expansão da Igreja pelo mundo inteiro... E o Espírito Santo que<br />

vivifica a Igreja e lhe concede dons, ministérios e poder para a realização da sua obra". 69<br />

Embora Hodges não entrasse em muitos pormenores, já era uma indicativa do surgimento<br />

de uma importante tendência. A conexão entre os "sinais e prodígios" e o reino que<br />

avançava (as manifestações do poder do Espírito, associadas com a pregação do<br />

Evangelho) aguardava maiores esclarecimentos.<br />

Uns vinte anos mais tarde, a missionária aposentada Ruth A. Breusch, definiu as<br />

implicações para o ministério pentecostal em Mountain Movers, a revista de missões<br />

estrangeiras das Assembleias de Deus (demonstrando, mais uma vez, a prioridade de<br />

discipular os membros da igreja). Numa série de dez artigos, sob o tema "O Reino, o<br />

Poder e a Glória", Breusch, formada pelo Hartford Seminay Foundation, apresentou uma<br />

cuidadosa interpretação neotestamentária, demonstrando familiaridade com a literatura<br />

missiológica. Definiu o reino como o domínio de Deus que abrange "a Igreja como centro<br />

das bênçãos de Deus, que abarca todo o seu povo. A Igreja consiste daqueles que foram<br />

resgatados do reino das trevas e transportados para o reino do Filho de Deus". Logo, "essa<br />

Igreja é o Novo Israel, o povo de Deus segundo a nova aliança. 'Nova' porque os<br />

cristãos gentios agora estão incluídos". A Igreja é o meio escolhido por Deus para a<br />

expansão do seu reino em toda terra. Para Breusch, a vinda do Espírito reflete sua<br />

natureza redentora, revestindo a Igreja de poder para a evangelização do mundo. 70<br />

Essa atenção dedicada ao estudo do conceito bíblico do Reino de Deus, contribuiu<br />

para uma melhor compreensão dos ensinos éticos dos Evangelhos, da natureza e missão

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!