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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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distintivamente humana de reagir a certas situações. Em hebraico, a palavra "coração"<br />

(lev, levav) era usada no tocante ao órgão físico, porém mais frequentemente no sentido<br />

abstrato, para descrever a natureza interior, a mente ou pensamentos íntimos, os<br />

sentimentos ou emoções, os impulsos profundos e até mesmo a vontade. No Novo<br />

Testamento, "coração" (kardia) também significa o órgão físico, mas primariamente a<br />

vida interior com suas emoções, pensamentos e vontade, bem como a habitação do<br />

Senhor e do Espírito Santo.<br />

Os escritores do Antigo Testamento também empregavam o termo kilyah ("rins") para<br />

referir aos aspectos íntimos, secretos da personalidade. Jeremias, por exemplo, lamenta<br />

diante de Deus os seus compatriotas insinceros: "Tu sempre estás nos seus lábios, mas<br />

longe dos seus rins" (Jr 12.2, literal). No Novo Testamento, nephroi ("rins") é usado uma<br />

só vez (Ap 2.23), quando Jesus adverte o anjo da igreja em Tiatira: "E todas as igrejas<br />

saberão que eu sou aquele que sonda os rins e os corações" (ARA).<br />

Às vezes, os escritores do Novo Testamento descrevem uma atitude com a palavra<br />

splanchna ("entranhas"; ou "coração", 1 Jo 3.17). Jesus "teve compaixão" da multidão<br />

(Mc 6.34; ver também 8.2). Em certo lugar, splanchna parece formar um paralelo com<br />

kardia (2 Co 6.12); ou ocorre onde poderíamos esperar a palavra pneuma ("espírito", 2<br />

Co 7.15).<br />

O Novo Testamento menciona ainda a "mente" (nous, dianoia) e a "vontade"<br />

(thelema, boulema, boulesis). A "mente" denota a faculdade da percepção intelectual,<br />

bem como a capacidade de fazer julgamentos morais. Em certas ocorrências no<br />

pensamento grego, parece formar um paralelo com o termo "coração" (lev) do Antigo<br />

Testamento. Em outros trechos, parece que os gregos distinguiam os dois (ver Mc 12.30).<br />

Ao considerar a "vontade," a "vontade ou volição humana pode ser representada, por um<br />

lado, como um ato da mente que se dirige a uma escolha livre. Mas, por outro lado, pode<br />

ser motivada por um desejo que provém pressuroso do inconsciente". 77 Posto que os<br />

escritores sagrados usavam esses termos de várias maneiras (assim como fazemos na<br />

linguagem cotidiana), é difícil determinar com precisão, pelas Escrituras, onde termina a<br />

"mente" e começa a "vontade".<br />

Observe que muitos dos termos estudado são um tanto ambíguos, e certamente<br />

coincidem parcialmente entre si em algumas ocasiões. Agora, nosso estudo passa aos<br />

termos "corpo", "alma" e "espírito". E possível incorporar todos os termos já<br />

mencionados em componentes como "alma" e "espírito"? Ou é artificial semelhante<br />

divisão, podendo-se esperar, no máximo, uma divisão material/imaterial?<br />

Os escritores sagrados tinham uma ampla variedade de termos relativos ao "corpo".<br />

Para os hebreus, "carne" (basar, she'er) e "alma" (nephesh) podiam significar corpo (Lv<br />

21.11; Nm 5.2, onde o significado parece ser "cadáver"). "Força" (me'od) dizia respeito<br />

ao poder físico do corpo (Dt 6.5). Os escritores do Novo Testamento mencionam a<br />

"carne" (sarx, que às vezes significava o corpo físico), a "força" (ischus) do corpo (Mc<br />

12.30) ou, mais frequentemente, o "corpo" (soma), que ocorre 137 vezes.<br />

Quanto a alma, o termo primário dos hebreus era nephesh, que ocorre 755 vezes no<br />

Antigo Testamento. Mais frequentemente, esse termo abrangente significa meramente<br />

"vida", "próprio-eu", "pessoa" (Js 2.13; 1 Rs 19.3; Jr 52.28). Quando usado nesse sentido<br />

amplo, nephesh descreve o que somos: almas, pessoas (neste sentido, não "possuímos"<br />

alma ou personalidade). 78 Às vezes nephesh podia significar a "vontade" - ou "desejo" -<br />

de uma pessoa (Gn 23.8; Dt 21.14). Ocasionalmente, porém, destaca aquele elemento nos<br />

seres humanos que possui vários apetites: a fome física (Dt 12.20), o impulso sexual (Jr<br />

2.24) e o desejo moral (Is 26.8,9), no Antigo Testamento. Em Isaías 10.18 nephesh ocorre<br />

juntamente com "carne" (basar), aparentemente para denotar a pessoa inteira. 79<br />

Os escritores do Novo Testamento usaram psuchê 101 vezes para descrever a alma<br />

humana. No pensamento grego, a "alma" pode ser: (1) a sede da vida, ou a própria vida<br />

(Mc 8.35); (2) a parte interna do ser humano, equivalente ao ego, à pessoa ou à

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