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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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CAPÍTULO NOVE<br />

O Senhor Jesus Cristo<br />

David R. Nichols<br />

O Senhor Jesus Cristo é a figura central de toda a realidade cristã. Por isso, as<br />

verdades a seu respeito são centrais para o Cristianismo. 1 A teologia que depreciar<br />

Cristo, preferindo a humanidade como centro, não poderá declarar, em última análise, a<br />

plenitude dos ensinos bíblicos. 2 Jesus é o cumprimento de muitas profecias do Antigo<br />

Testamento e o autor dos ensinos do Novo. Os cristãos entendem que Ele é o Cordeiro<br />

que foi morto desde a fundação do mundo, bem como o Rei vindouro (Ap 13.8;<br />

19.11-16).<br />

CONHECIMENTO DE JESUS<br />

Devemos reconhecer, já de início, ser o conhecimento a respeito de Jesus Cristo igual<br />

e ao mesmo tempo diferente ao de outros assuntos. Como Líder espiritual do<br />

Cristianismo, Jesus é o objeto do conhecimento e também da fé. Ele produz ainda, dentro<br />

de nós e mediante o Espírito Santo, conhecimentos espirituais. Os cristãos acreditam<br />

universalmente que Jesus continua vivo hoje, séculos depois da sua vida e morte na Terra,<br />

e que Ele está na presença de Deus Pai, no Céu. Mas esta convicção certamente provém<br />

da fé salvífica, mediante a qual a pessoa encontra Jesus Cristo e é regenerada, por meio do<br />

arrependimento e da fé, tornando-se assim nova criatura. O conhecimento de Jesus como<br />

Salvador leva, através da experiência, ao reconhecimento imediato da existência pessoal<br />

de Jesus no presente. Dessa maneira, o conhecimento de Jesus é diferente do conhecimento<br />

do de outras figuras históricas.<br />

Os escritores do Novo Testamento eram cristãos dedicados, e escreviam a partir dessa<br />

perspectiva. O teólogos liberais do século XIX não deixaram despercebido esse fato,<br />

asseverando que os livros do Novo Testamento não poderiam ensinar história a respeito<br />

de Jesus porque não eram objetivos, no sentido moderno. 3 No entanto, pesquisas recentes<br />

na hermenêutica demonstram que ninguém escreve coisa nenhuma de um ponto de vista<br />

neutro ou totalmente objetivo. 4 Que melhor perspectiva poderia haver que a de cristãos<br />

escrevendo a respeito de alguém que haviam conhecido na carne e permaneceu num<br />

estado ressurreto depois de sua vida na Terra? Assim, temos a questão do Jesus histórico.<br />

Nossa pesquisa, para ser válida, precisa considerar o lado histórico da existência de<br />

Jesus. No século XIX, iniciou-se uma busca pelo Jesus histórico, na tentativa - sujeita às<br />

severas pressuposições anti-sobrenaturalistas da alta crítica - de distilar fatos que os<br />

estudiosos liberais pudessem aceitar, para então compilar um quadro de Jesus que fosse<br />

relevante e compreensível às pessoas modernas. Tal empenho acabou por forçar uma<br />

cunha entre o Jesus histórico - que supostamente poderia ser conhecido somente através<br />

da crítica racionalística 5 e histórica dos evangelhos - e o Cristo da fé. Este último era<br />

considerado muito maior que o histórico, porque a fé que os escritores dos evangelhos<br />

depositavam nEle os levou a apresentá-lo com base no que era pregado - o querigma 6 -<br />

mais do que em fatos históricos (conforme os liberais os definiam). 7<br />

Essa teoria, com ampla aceitação entre os estudiosos liberais, montou o palco para a<br />

abordagem da crítica da forma, liderada por Martin Dibelius e Rudolf Bultmann. Estes

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