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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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natureza humana de Jesus, para fazê-la encaixar logicamente com sua natureza divina. A<br />

segunda é asseverar que a união entre as duas naturezas é um paradoxo. Nesse caso, a<br />

inconsistência lógica de Deus ser homem não é resolvida.<br />

Duas abordagens ao problema da natureza humana de , Cristo têm sido seguidas em<br />

tempos recentes. Ambas tomam por certa a veracidade da sua natureza divina, de modo<br />

que a questão passa a ser uma delineação clara da natureza humana.<br />

Os textos bíblicos que nos forçam a levar em conta essa questão parecem ser Hebreus<br />

2.16-18 e 4.15:<br />

Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão.<br />

Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e<br />

fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque,<br />

naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.<br />

Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas<br />

fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.<br />

Os dois textos acima insistem na identificação das tentações de Jesus com as nossas<br />

próprias. Tal insistência deve ser tratada com o devido respeito, ao se formular um meio<br />

de entender a humanidade de Jesus.<br />

Millard Erickson elaborou uma versão moderna da teologia encarnacionista, na qual<br />

procura solucionar o problema da natureza humana de Cristo na união hipostática. Ele<br />

acredita que a solução se considerar a humanidade de Jesus como a ideal, ou a<br />

humanidade conforme ela virá a ser. Em outras palavras, metodologicamente, não<br />

começamos com a aguda dificuldade de Deus tornar-se homem com todas as diferenças<br />

qualitativas entre as naturezas humana e divina. Erickson, pelo contrário, pretende iniciar<br />

com a humanidade essencial (ou seja, a que Deus criou originalmente), porque,<br />

presumidamente, assemelha-se muito mais a Deus que a humanidade caída, que hoje<br />

observamos: "Pois a humanidade de Jesus não era a humanidade de seres humanos<br />

pecaminosos, mas a humanidade possuída por Adão e Eva desde a sua criação e antes da<br />

sua queda". 7 !<br />

Em perspectiva, talvez pareça que Erickson esteja oferecendo uma teoria correta e<br />

ortodoxa sobre a humanidade de Jesus. Várias questões podem ser levantadas, no entanto:<br />

Em primeiro lugar, por que é errado começar com as diferenças entre Deus e o<br />

homem? Mesmo se nos concentrássemos na humanidade de Adão e de Eva antes da<br />

Queda, onde há indicações, na Bíblia, de que Adão facilmente (ou a , longo prazo)<br />

poderia tornar-se um Deus-homem? O próprio Erickson (em diálogo com Davis)<br />

reconhece que a divindade é necessária, eterna, onipotente, onisciente e incorpórea, ao<br />

passo que a humanidade é contingente, finita, não-onipotente, não-onisciente e corpórea.<br />

Tais diferenças existem, quer consideremos a humanidade antes ou depois da Queda. 76<br />

Em segundo lugar, quando Erickson declara que obtemos nosso entendimento da<br />

natureza humana de "uma investigação de nós mesmos, bem como de outros seres<br />

humanos conforme os achamos em nosso redor", indica apenas parte do problema. Nosso<br />

conceito de humanidade deve advir primeiramente das Escrituras, e depois de nossas<br />

próprias observações. Esta verdade é mais importante do que talvez pareça. Erickson diz<br />

que, na nossa presente condição, somos "vestígios inutilizados e quebrados da<br />

humanidade essencial, e é difícil imaginar esse tipo de humanidade unido com a<br />

divindade". Mas seria esse um quadro correto da humanidade com que Maria contribuiu à<br />

concepção virginal de Jesus? Lemos em Lucas 1.28-30:<br />

E, entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo;<br />

bendita és tu entre as mulheres. E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras e<br />

considerava que saudação seria esta. Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque<br />

achaste graça diante de Deus.

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