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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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(Ele é plena deidade), embora as três Pessoas não estejam simultaneamente encarnadas<br />

em Jesus.<br />

Embora os Pentecostais da Unicidade confessem a divindade de Jesus Cristo, o que<br />

eles realmente querem dizer é que Jesus, como o Pai, é deidade, e como o Filho, é<br />

humanidade. Ao argumentarem que o termo "Filho" deve ser entendido como a natureza<br />

humana de Jesus, e que o termo "Pai" é a designação da natureza divina de Cristo, imitam<br />

seus antecessores antitrinitários (há muito tempo falecidos) ao comprometerem as<br />

doutrinas da salvação.<br />

E certo que Jesus declarou: "Eu e o Pai somos um" (Jo 10.30). Mas isso não significa<br />

que Jesus e seu Pai sejam uma só Pessoa (conforme argumentam os Pentecostais da<br />

Unicidade), pois o numeral grego neutro hen ("um") é empregado pelo apóstolo João em<br />

vez do masculino heis. Logo, a referência é à união essencial, e não à identidade<br />

absoluta. 79<br />

Conforme já foi declarado, a distinção tipo sujeito-objeto entre o Pai e o Filho é<br />

revelada com grande clareza nas Escrituras, quando Jesus, na sua agonia, ora ao Pai (Lc<br />

22.42). Jesus também revela e defende a sua identidade ao apelar ao testemunho do Pai<br />

(Jo 5.31,32). Jesus declara de modo explícito: "Há outro [gr. allos] que testifica de mim"<br />

(v. 32). Aqui, o termo allos denota, mais uma a vez, uma pessoa diferente daquela que<br />

está falando. 80 Também em João 8.16-18, Jesus diz: "E, se, na verdade, julgo, o meu juízo<br />

é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai, que me enviou. E na vossa lei está<br />

também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de<br />

mim mesmo, e de mim testifica também o Pai, que me enviou". Aqui, Jesus cita o Antigo<br />

Testamento (Dt 17.6; 19.15) com o propósito de revelar, mais uma vez, a sua identidade<br />

messiânica (como sujeito), apelando ao testemunho do seu Pai (como objeto) a respeito<br />

do próprio Jesus. Insistir (como fazem os Pentecostais da Unicidade) que o Pai e o Filho<br />

são numericamente um só, serviria apenas para desacreditar o testemunho que Jesus deu<br />

de si mesmo como Messias.<br />

Além disso, os Pentecostais da Unicidade ensinam que, para a pessoa ser<br />

verdadeiramente salva, é preciso que seja batizada "em nome de Jesus" somente. 51 Com<br />

isso, dão a entender que os trinitarianos não são cristãos verdadeiros. Nisso, os<br />

Pentecostais da Unicidade incorrem no erro de colocar as obras como meio de salvação,<br />

contrariando o que a Bíblia diz: a salvação pela graça, mediante a fé somente (Ef 2.8,9).<br />

No Novo Testamento, encontramos por volta de 60 referências que falam da salvação<br />

pela graça, somente mediante a fé, independentemente do batismo nas águas. Se o<br />

batismo foi um meio necessário à nossa salvação, por que o Novo Testamento não<br />

enfatiza fortemente tal doutrina? Pelo contrário: vemos Paulo dizendo: "Cristo enviou-me<br />

não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de<br />

Cristo não se faça vã" (1 Co 1.17).<br />

Deve ser mencionado, ainda, que Atos dos Apóstolos não pretende preceituar uma<br />

fórmula batismal para ser utilizada pela Igreja, pois a frase "em nome de Jesus" não<br />

ocorre exatamente da mesma maneira duas vezes em Atos.<br />

No sentido de reconciliar o mandamento de Jesus no sentido de batizar "em nome do<br />

Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19), com a declaração de Pedro: "cada um de<br />

vós seja batizado em nome de Jesus Cristo" (At 2.38), consideraremos três explicações<br />

possíveis.<br />

1. Pedro desobedeceu ao mandamento claro do seu Senhor. Isso, obviamente, nem é<br />

uma explicação, e deve ser rejeitada por ser ridícula.<br />

2. Jesus estava falando em termos ocultos, que exigiriam algum tipo de perspicácia<br />

mística antes de ser possível compreender seu sentido. Noutras palavras, Ele realmente<br />

estava nos mandando batizar somente em nome de Jesus, embora alguns não percebam<br />

esse significado velado de nosso Senhor. Não há, porém, a mínima justificativa para tirar<br />

tal conclusão. E contrária ao gênero específico de literatura bíblica envolvida

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