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A dieta da mente David Perlmutter

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simples: nossos genes determinam não apenas a forma como processamos os<br />

alimentos, mas também a forma como re​a​gi​mos aos alimentos que ingerimos.<br />

Não resta dúvi<strong>da</strong> de que um dos acontecimentos mais importantes e de maior<br />

impacto no declínio generalizado <strong>da</strong> saúde cerebral na socie<strong>da</strong>de moderna foi a<br />

introdução do grão de trigo na <strong>dieta</strong> humana. Embora seja ver<strong>da</strong>de que nossos<br />

ancestrais do Neolítico consumiam muito pouco desse grão, aquilo que hoje<br />

chamamos de “trigo” tem pouca semelhança com a varie<strong>da</strong>de selvagem que<br />

nossos antepassados consumiam em raras ocasiões. Com a hibridização<br />

moderna e as tecnologias de manipulação genética, os sessenta quilos de trigo<br />

que o americano consome em média a ca<strong>da</strong> ano pratica<strong>mente</strong> não guar<strong>da</strong>m<br />

nenhuma semelhança genética, estrutural ou química com aquilo que os<br />

caçadores e coletores um dia consumiram. Aí reside o problema: ca<strong>da</strong> vez mais<br />

nós vamos contra a fisiologia, usando ingredientes para os quais não fomos<br />

ge​ne​ti​ca​men​te pre​pa​ra​dos.<br />

Que fique registrado: este não é um livro sobre a doença celíaca (um<br />

transtorno autoimune relacionado ao glúten que afeta um número pequeno de<br />

pessoas). Se a essa altura você está pensando que este livro não é para você<br />

porque nenhum médico o diagnosticou com qualquer mal ou transtorno, ou<br />

você nunca soube ter qualquer sensibili<strong>da</strong>de ao glúten, eu lhe peço: continue a<br />

ler. Isso diz respeito a todos nós. Eu costumo chamar o glúten de “germe<br />

si​len​ci​o​so”, que pode lhe in​fli​gir <strong>da</strong>​nos per​ma​nen​tes sem que você se dê con​ta.<br />

Para além <strong>da</strong>s calorias, <strong>da</strong> gordura, <strong>da</strong>s proteínas e dos macronutrientes,<br />

hoje é sa​bi​do que a ali​men​ta​ção é um po​de​ro​so mo​du​la​dor epi​ge​né​ti​co — isto é,<br />

que pode transformar nosso DNA, para melhor ou pior. Na ver<strong>da</strong>de, além de<br />

servir como simples fonte de calorias, proteínas e gordura, a alimentação<br />

regula a expressão de muitos de nossos genes. E estamos só começando a<br />

en​ten​der as con​se​quên​ci​as <strong>da</strong>​no​sas do con​su​mo de tri​go.<br />

A maioria de nós acredita que pode levar a vi<strong>da</strong> do jeito que for, e que<br />

quando sobrevier uma doença podemos recorrer ao médico, na esperança total<br />

de um conserto rápido sob a forma <strong>da</strong> mais recente e sensacional <strong>da</strong>s pílulas.<br />

Esse roteiro estimula uma abor<strong>da</strong>gem volta<strong>da</strong> para a doença, <strong>da</strong> parte dos<br />

médicos que desempenham o papel de fornecedores de pílulas. Mas essa<br />

abor<strong>da</strong>gem possui um defeito trágico por dois motivos. Primeiro, ela foca na<br />

doença, e não na saúde. Segundo, os tratamentos propria<strong>mente</strong> ditos muitas<br />

vezes são eivados de consequências <strong>da</strong>nosas. Por exemplo, vejamos um<br />

relatório recente <strong>da</strong> prestigiosa revista Archives of Internal Medicine, mostrando que<br />

mulheres na pós-menopausa que tomaram estatinas para reduzir o colesterol<br />

tiveram um aumento de quase 71% no risco de diabetes em comparação com<br />

aquelas que não tomaram a droga.2 Esse simples exemplo se torna ain<strong>da</strong> mais

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