22.04.2017 Views

A dieta da mente David Perlmutter

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

desenvolvimento neurológico passassem por exames de deficiências<br />

nutricionais e síndromes de má absorção, como a doença celíaca. Em alguns<br />

casos, as deficiências nutricionais que afetam o sistema nervoso podem estar na<br />

raiz de atra​sos de de​sen​vol​vi​men​to se​me​lhan​tes ao au​tis​mo.15<br />

Reconheço que ain<strong>da</strong> falta o tipo definitivo de pesquisa científica de que<br />

necessitamos para extrair correlações conclusivas, mas vale a pena fazermos um<br />

apa​nha​do ge​ral do tema e pen​sar​mos em al​gu​mas con​clusões ló​gi​cas.<br />

Para começar, vamos apontar uma tendência paralela no crescimento do<br />

autismo e <strong>da</strong> doença celíaca. Não se está afirmando que ambos estão<br />

categorica<strong>mente</strong> relacionados, mas é interessante notar um padrão semelhante<br />

nos números puros. O que as duas condições têm em comum, porém, é a<br />

mesma característica fun<strong>da</strong>mental: o processo inflamatório. Da mesma forma<br />

que a doença celíaca é uma desordem inflamatória dos intestinos, o autismo é<br />

uma desordem inflamatória do cérebro. Está bem documentado que indivíduos<br />

autistas têm um nível mais alto de citocinas inflamatórias no organismo. Só<br />

isso já bastaria para ponderar a eficácia <strong>da</strong> redução de to<strong>da</strong>s as interações<br />

an​ti​cor​pos-an​tí​ge​nos no cor​po, in​clu​in​do as que en​vol​vem glú​ten.<br />

Pesquisas mostraram que algumas crianças com autismo se beneficiaram<br />

de uma <strong>dieta</strong> sem glúten e sem caseína (proteína do leite). Um estudo britânico,<br />

publicado em 1999, monitorou 22 crianças autistas com <strong>dieta</strong> sem glúten<br />

durante cinco meses, e ocorreram algumas melhoras comportamentais. O mais<br />

alarmante é que, quando as crianças ingeriram glúten acidental<strong>mente</strong>, depois de<br />

haver iniciado a <strong>dieta</strong> sem glúten, “a veloci<strong>da</strong>de com que o comportamento<br />

retornou, como resultado (...) foi dramática e percebi<strong>da</strong> por muitos pais”.16 O<br />

estudo também observou que levou pelo menos três meses para as crianças<br />

apresentarem melhora no comportamento. Para qualquer pai que controla a<br />

<strong>dieta</strong> do filho, é importante não perder as esperanças no começo caso não<br />

ocorram alterações imediatas de comportamento. Mantenha a linha durante três<br />

a seis me​ses an​tes de es​pe​rar qual​quer me​lho​ra per​cep​tí​vel.<br />

Alguns especialistas questionaram se os alimentos que contêm glúten e<br />

proteínas do leite podem liberar ou não compostos semelhantes às morfinas<br />

(“exorfinas”), que estimulam diversos receptores no cérebro, e elevar não<br />

apenas o risco de autismo, mas igual<strong>mente</strong> de esquizoenia.17 São necessárias<br />

novas pesquisas para desmentir esse tipo de teoria. Mas existe o potencial para<br />

re​du​ção do ris​co de de​sen​vol​ver es​sas con​di​ções e ad​mi​nis​trá-las me​lhor.<br />

Apesar <strong>da</strong> falta de estudos, está claro que o sistema imunológico<br />

desempenha um papel no desenvolvimento do autismo, e que esse mesmo<br />

sistema imunológico conecta a sensibili<strong>da</strong>de ao glúten ao cérebro. Também é<br />

preciso mencionar o “efeito de cama<strong>da</strong>s”, em que um problema biológico leva a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!