22.04.2017 Views

A dieta da mente David Perlmutter

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Para entender como isso pode acontecer, é bom lembrar aquilo que<br />

insinuei no primeiro capítulo: o LDL é uma proteína transportadora que não é<br />

necessaria<strong>mente</strong> ruim. O papel fun<strong>da</strong>mental do LDL no cérebro é capturar o<br />

colesterol vital e transportá-lo aos neurônios, onde ele desempenha funções de<br />

importância crucial. Como já vimos, quando os níveis de colesterol são<br />

reduzidos, o cérebro simples<strong>mente</strong> não funciona bem, e em consequência disso<br />

o risco de problemas neurológicos aumenta significativa<strong>mente</strong>. Mas há um<br />

porém: quando os radicais livres causam <strong>da</strong>nos à molécula do LDL, ela se torna<br />

muito menos capaz de transportar colesterol ao cérebro. Além dessa oxi<strong>da</strong>ção,<br />

que destrói a função do LDL, o açúcar também pode torná-lo disfuncional,<br />

ade​rin​do a ele e ace​le​ran​do a oxi​<strong>da</strong>​ção. E quan​do isso acon​te​ce o LDL não é mais<br />

capaz de entrar no astrócito, célula encarrega<strong>da</strong> de alimentar os neurônios. Nos<br />

últimos dez anos, novas pesquisas mostraram que o LDL oxi<strong>da</strong>do é um fatorchave<br />

no desenvolvimento <strong>da</strong> aterosclerose. Por isso, devemos fazer tudo o que<br />

pudermos para reduzir o risco de oxi<strong>da</strong>ção do LDL — e não o nível de LDL<br />

propria<strong>mente</strong> dito. E não há dúvi<strong>da</strong> de que altos níveis de glicose<br />

desempenham um papel preponderante nesse risco; a probabili<strong>da</strong>de de oxi<strong>da</strong>ção<br />

do LDL é muito maior na presença de moléculas de açúcar, que aderem a ele e<br />

mu​<strong>da</strong>m sua for​ma. Pro​te​í​nas gli​co​si​la​<strong>da</strong>s, pro​du​to des​sa re​a​ção en​tre pro​te​í​nas e<br />

moléculas de açúcar, estão associa<strong>da</strong>s a um aumento de cinquenta vezes na<br />

formação de radicais livres, em comparação com as proteínas não glicosila<strong>da</strong>s.<br />

O inimigo não é o LDL. Os problemas ocorrem quando uma <strong>dieta</strong> rica em<br />

carboidratos gera LDL oxi<strong>da</strong>do e um risco maior de aterosclerose. Além disso,<br />

se e quando o LDL se torna uma molécula glicosila<strong>da</strong>, ela não consegue levar o<br />

co​les​te​rol às cé​lu​las ce​re​brais, e as fun​ções do cé​re​bro so​frem.<br />

De algum jeito nos fizeram crer que uma <strong>dieta</strong> rica em gorduras elevará<br />

nosso colesterol, o que, por sua vez, aumentará o risco de ataques cardíacos e<br />

derrames. Essa ideia continua em pauta, apesar de uma pesquisa de vinte anos<br />

atrás que prova o contrário. Em 1994, o Journal of the American Medical Association<br />

publicou um teste comparando adultos mais velhos com colesterol alto (nível<br />

acima de 240 mg/dl) àqueles com níveis normais (abaixo de 200 mg/dl).9<br />

Durante quatro anos, pesquisadores <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Yale mediram o colesterol<br />

total e a lipoproteína de alta densi<strong>da</strong>de (o HDL) em quase mil participantes; eles<br />

também monitoraram hospitalizações por ataque cardíaco e angina instável e os<br />

índices de fatali<strong>da</strong>des por ataque cardíaco e fatali<strong>da</strong>des por outras causas. Não<br />

foram encontra<strong>da</strong>s diferenças entre os dois grupos. Quem tinha colesterol total<br />

baixo teve o mesmo número de ataques cardíacos e morreu com a mesma<br />

equência <strong>da</strong>queles com colesterol total elevado. E diversas revisões de<br />

estudos amplos e múltiplos foram incapazes de encontrar uma correlação entre

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!