A dieta da mente David Perlmutter
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peso normal. E aqueles que tinham sobrepeso — definido como um índice de<br />
massa corporal entre 25 e trinta — pareciam oito anos mais velhas que seus<br />
homólogos mais magros. De maneira mais específica, as pessoas clinica<strong>mente</strong><br />
obesas tinham 8% menos tecido cerebral, enquanto aquelas com sobrepeso<br />
tinham 4% menos tecido cerebral, se compara<strong>da</strong>s aos indivíduos de peso<br />
normal. Muito desse tecido foi perdido nas regiões dos lobos ontal e<br />
temporal do cérebro, a área na qual tomamos decisões e armazenamos<br />
lembranças, entre outras coisas. Os autores do estudo apontaram, com razão,<br />
que seus achados poderiam ter sérias consequências em indivíduos em<br />
processo de envelhecimento, obesos ou com sobrepeso, inclusive um risco<br />
maior de Alzheimer.<br />
Não há dúvi<strong>da</strong> de que círculos viciosos estão em jogo aqui. Ca<strong>da</strong> um deles<br />
contribui para outro. A genética pode afetar a propensão a comer demais e<br />
ganhar peso, o que, por sua vez, pesa nos níveis de ativi<strong>da</strong>de, na resistência à<br />
insulina e no risco de diabetes. O diabetes afeta, então, o controle de peso e o<br />
equilíbrio do açúcar no sangue. Quando uma pessoa se torna diabética e<br />
sedentária, é inevitável a ocorrência de rupturas nos tecidos e nos órgãos, não<br />
apenas no cérebro. Além disso, quando o cérebro começa a degenerar e a<br />
encolher, começa a perder a capaci<strong>da</strong>de de funcionar adequa<strong>da</strong><strong>mente</strong>. Quer<br />
dizer, o centro do apetite e o centro de controle de peso do cérebro não<br />
operarão na capaci<strong>da</strong>de máxima, o que uma vez mais alimenta o círculo<br />
vicioso.<br />
É importante compreender que a per<strong>da</strong> de peso tem que acontecer de<br />
imediato, já que as mu<strong>da</strong>nças ocorrem assim que o indivíduo começa a<br />
carregar gordura corporal em excesso. Em um estudo de 2008, cientistas <strong>da</strong><br />
Califórnia fizeram um pente fino nos registros de mais de 6500 pessoas<br />
examina<strong>da</strong>s desde meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1960 até os anos 70.23 O que eles<br />
queriam saber era: quem desenvolveu demência? Quando essas pessoas foram<br />
avalia<strong>da</strong>s pela primeira vez, 36 anos antes, várias medi<strong>da</strong>s de seus corpos<br />
foram toma<strong>da</strong>s para determinar, essencial<strong>mente</strong>, quanto elas possuíam de<br />
gordura. Isso incluía coisas como o tamanho <strong>da</strong> barriga, a circunferência <strong>da</strong><br />
coxa, altura e peso. Quase três déca<strong>da</strong>s depois, aqueles que tinham maior<br />
gordura corporal apresentaram um risco muito mais elevado de demência. Do<br />
grupo original, 1049 tiveram o diagnóstico de demência. Quando os cientistas<br />
compararam o grupo com menos gordura corporal com o grupo com mais<br />
gordura corporal, descobriram que estes tiveram o risco de demência<br />
duplicado. Como escreveram os autores, “assim como é o caso do diabetes e <strong>da</strong>s<br />
doenças cardiovasculares, a obesi<strong>da</strong>de central [gordura na barriga] também é um<br />
fator de risco para a demência”.