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A dieta da mente David Perlmutter

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Se o glúten é tão ruim assim, como pudemos sobreviver tanto tempo nos<br />

alimentando dele? A resposta simples é: não comemos hoje o mesmo tipo de<br />

glúten consumido quando nossos ancestrais descobriram a forma de plantar e<br />

moer o trigo. Os grãos que comemos hoje guar<strong>da</strong>m pouca semelhança com<br />

aqueles que entraram para nossa <strong>dieta</strong> cerca de 10 mil anos atrás. Desde o<br />

século XVII, quando Gregor Mendel publicou seus famosos estudos cruzando<br />

plantas diferentes para chegar a novas varie<strong>da</strong>des, nós nos aprimoramos na<br />

mistura e cruzamento de cepas para criar as mais varia<strong>da</strong>s progênies no que diz<br />

respeito aos grãos. E embora nossa configuração genética e nossa fisiologia não<br />

tenham mu<strong>da</strong>do muito desde o tempo de nossos ancestrais, nossa cadeia<br />

alimentar passou por uma transformação rápi<strong>da</strong> nos últimos cinquenta anos. A<br />

indústria alimentícia moderna, inclusive a bioengenharia genética, nos permitiu<br />

produzir grãos que contêm até quarenta vezes mais glúten que os grãos<br />

cultivados algumas déca<strong>da</strong>s atrás.18 Se isso foi intencional, para aumentar a<br />

produtivi<strong>da</strong>de, atrair o pala<strong>da</strong>r do consumidor ou as duas coisas, não vou<br />

discutir. Mas uma coisa é certa: os grãos contemporâneos, repletos de glúten,<br />

são mais vi​ci​an​tes do que nun​ca.<br />

Se você já sentiu o prazer invadi-lo ao ingerir uma rosquinha, um<br />

pãozinho ou um croissant, não está louco nem sozinho. Desde o final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />

de 1970 é sabido que o glúten é decomposto no estômago e torna-se uma<br />

mistura de polipeptídios que podem atravessar a barreira hematoencefálica.<br />

Uma vez lá dentro, podem aderir ao receptor de morfina do cérebro,<br />

produzindo bem-estar. Esse é o mesmo receptor ao qual aderem as drogas<br />

opiáceas, gerando seu efeito prazeroso e viciante. A primeira cientista a<br />

descobrir essa ativi<strong>da</strong>de, a dra. Christine Zioudrou (e seus colegas do National<br />

Institutes of Health), batizou esses polipeptídios invasores do cérebro como<br />

“exorfinas”, abreviatura para compostos exógenos similares à morfina, para<br />

distingui-los dos analgésicos natural<strong>mente</strong> produzidos pelo corpo, as<br />

en​dor​fi​nas.19 O que é mais interessante a respeito dessas exorfinas, e que<br />

reforça o fato de terem impacto no cérebro, é que sabemos que elas podem ser<br />

barra<strong>da</strong>s por drogas bloqueadoras de opiáceos, como a naloxona e a naltrexona<br />

— as mesmas usa<strong>da</strong>s para reverter a ação de drogas opiáceas como a heroína, a<br />

morfina e a oxicodona. O dr. William Davis descreve esse fenômeno no livro<br />

Bar​ri​ga de tri​go:<br />

Este é seu cérebro viciado em trigo: a digestão gera componentes similares<br />

à morfina, que aderem aos receptores opiáceos do cérebro. Isso induz uma<br />

forma de recompensa, uma euforia modera<strong>da</strong>. Quando esse efeito é

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