22.04.2017 Views

A dieta da mente David Perlmutter

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Da mesma forma que agora sabemos que diversas doenças degenerativas<br />

estão liga<strong>da</strong>s a processos inflamatórios, hoje sabemos que várias dessas<br />

mesmas doenças — inclusive diabetes tipo 2, catarata, aterosclerose, enfisema e<br />

demência — estão relaciona<strong>da</strong>s a proteínas deforma<strong>da</strong>s. O que torna as doenças<br />

priônicas tão singulares é a capaci<strong>da</strong>de dessas proteínas anormais de “roubar” a<br />

saúde de outras células, transformando células normais em aberrantes, que<br />

levam a <strong>da</strong>nos cerebrais e demência. Se isso se parece um pouco com o câncer é<br />

pelo fato de uma célula “sequestrar” o funcionamento normal de outra célula e<br />

criar uma nova tribo de células que não se comportam como células saudáveis.<br />

Em pesquisas de laboratório com camundongos, só agora os cientistas estão<br />

reunindo evidências que mostram que as principais condições<br />

neu​ro​de​ge​ne​ra​ti​vas se​guem pa​drões pa​ra​le​los.9<br />

As proteínas estão entre as estruturas mais importantes do corpo. Elas<br />

pratica<strong>mente</strong> dão forma ao corpo inteiro, realizando diversas funções e atuando<br />

como uma espécie de controle central do nosso manual de instruções. Nosso<br />

material genético, ou DNA, é o código para nossas proteínas, que são<br />

produzi<strong>da</strong>s como uma sequência de aminoácidos. Elas precisam chegar a uma<br />

forma tridimensional para realizar suas tarefas, tais como regular os processos<br />

do corpo e protegê-lo de infecções. As proteínas obtêm sua forma por meio de<br />

uma técnica de “dobramento” especial; no fim, ca<strong>da</strong> proteína adquire uma<br />

forma dobra<strong>da</strong> específica que aju<strong>da</strong> a determinar qual será sua função<br />

par​ti​cu​lar.<br />

Obvia<strong>mente</strong>, proteínas deforma<strong>da</strong>s não conseguem desempenhar<br />

cor​re​ta​men​te suas fun​ções. Se elas não fun​ci​o​nam ade​qua​<strong>da</strong>​men​te, na me​lhor <strong>da</strong>s<br />

hipóteses elas se tornam inativas; na pior, tóxicas. Geral<strong>mente</strong> as células têm<br />

uma “tecnologia interna” para exterminar as proteínas deforma<strong>da</strong>s, mas o<br />

envelhecimento e outros fatores podem interferir nesse processo. Quando uma<br />

proteína tóxica consegue induzir outras células a criar outras proteínas<br />

deforma<strong>da</strong>s, o resultado pode ser desastroso. É por isso que hoje muitos<br />

cientistas lutam para encontrar uma forma de interromper a disseminação de<br />

pro​te​í​nas de​for​ma​<strong>da</strong>s, li​te​ral​men​te pa​ran​do o de​sen​vol​vi​men​to des​sas do​en​ças.<br />

Stanley Prusiner, diretor do Instituto para Doenças Neurodegenerativas <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Califórnia, em San Francisco, descobriu os príons, o que lhe<br />

valeu o Prêmio Nobel, em 1997. Em 2012, ele fazia parte de uma equipe de<br />

pesquisadores que escreveu um artigo seminal, apresentado na revista<br />

Proceedings of the National Academy of Sciences, mostrando que a proteína betaamiloide,<br />

associa<strong>da</strong> ao Alzheimer, tem características semelhantes aos príons.10<br />

Na experiência, os autores conseguiram acompanhar a evolução <strong>da</strong> doença<br />

injetando proteína beta-amiloide em um dos lados do cérebro de camundongos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!