A dieta da mente David Perlmutter
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
células sanguíneas se renovam no espaço de poucas horas, os receptores de<br />
pala<strong>da</strong>r são substituídos a ca<strong>da</strong> dez dias, as células epidérmicas são troca<strong>da</strong>s a<br />
ca<strong>da</strong> mês, e as células musculares levam cerca de quinze dias para se<br />
renovarem total<strong>mente</strong>. Na última déca<strong>da</strong>, os cientistas estabeleceram que o<br />
músculo cardíaco — um órgão que durante muito tempo pensamos ser o<br />
mesmo desde o nascimento — na ver<strong>da</strong>de também passa pela substituição de<br />
células.1 Aos 25 anos, cerca de 1% de nossas células musculares são<br />
substituí<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> ano; mas aos 75, essa taxa cai para menos de 0,5% ao ano. É<br />
difícil acreditar que só recentemente tenhamos identificado e compreendido esse<br />
fenômeno na máquina que bombeia o sangue em nosso corpo. E tudo indica que<br />
o cérebro se tornou o último órgão que final<strong>mente</strong> decodificamos, para<br />
descobrir as maravilhas de suas quali<strong>da</strong>des de autorrenovação.<br />
O dr. Cajal não tinha como saber até que ponto o cérebro podia ser<br />
maleável e “plástico”, <strong>da</strong><strong>da</strong> a tecnologia com que trabalhava, e o fato de o DNA<br />
não ter sido codificado ain<strong>da</strong>. Em sua obra de referência, Degeneration and<br />
Regeneration of the Nervous System [Degeneração e regeneração no sistema nervoso],<br />
de 1928, ele afirmou: “Nos centros adultos, algumas vezes os condutos nervosos<br />
são inalteráveis, determinados e imutáveis”.2 Se eu pudesse alterar essa<br />
afirmação para refletir aquilo que sabemos hoje, eu trocaria as palavras<br />
“inalteráveis”, “determinados” e “imutáveis” para o exato oposto: alteráveis,<br />
indeterminados e mutáveis. Também diria que as células cerebrais podem<br />
morrer, mas com to<strong>da</strong> certeza podem se regenerar. É fato que Cajal deu grandes<br />
contribuições ao conhecimento do cérebro e do funcionamento dos neurônios;<br />
estava até à ente de seu tempo na tentativa de compreender a patologia <strong>da</strong>s<br />
inflamações. Mas sua crença de que o cérebro estava, de alguma maneira,<br />
limitado àquilo que lhe cabia é um mito que atravessou a maior parte <strong>da</strong><br />
história humana — até que a ciência moderna, no final do século XX, provou o<br />
quão flexível o cérebro pode ser.<br />
Em meu livro anterior, Power Up Your Brain: The Neuroscience of Enlightenment<br />
[Turbine seu cérebro: A neurociência do esclarecimento], eu e o dr. Alberto<br />
Villoldo contamos a história de como a ciência veio a entender o dom <strong>da</strong><br />
neurogênese no ser humano. Embora os cientistas tenham provado a<br />
neurogênese em diversos outros animais há muito tempo, foi só na déca<strong>da</strong> de<br />
1990 que passaram a se concentrar exclusiva<strong>mente</strong> na tentativa de demonstrar a<br />
neurogênese em pessoas.3 Em 1998, a revista Nature Medicine publicou um artigo<br />
do neurologista sueco Peter Eriksson, em que ele afirmava ter descoberto que<br />
dentro do nosso cérebro existe uma população de células-tronco neurais que são<br />
permanente<strong>mente</strong> reabasteci<strong>da</strong>s e conseguem se transformar em neurônios.4 E<br />
ele tinha mesmo razão: todos nós passamos por uma “terapia de células-