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A dieta da mente David Perlmutter

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(beta-HBA) —, é um combustível superior para o cérebro. Isso não apenas é um<br />

argumento convincente em favor dos benefícios de jejuns intermitentes para,<br />

por mais contraditório que possa parecer, alimentar o cérebro, mas também<br />

serve como explicação para uma <strong>da</strong>s questões que geram debates mais<br />

acalorados na antropologia: por que nossos parentes Neandertais desapareceram<br />

entre 40 mil e 30 mil anos atrás. Embora seja conveniente e quase dogmático<br />

aceitar que os Neandertais foram exterminados por Homo sapiens mais<br />

inteligentes, muitos cientistas acreditam hoje em dia que a escassez de comi<strong>da</strong><br />

pos​sa ter tido um pa​pel pre​pon​de​ran​te em seu de​sa​pa​re​ci​men​to. Pode ser que os<br />

Neandertais simples<strong>mente</strong> não tivessem a “resistência mental” para perseverar,<br />

porque lhes faltava o processo químico para utilizar a gordura como<br />

ali​men​ta​ção para o cé​re​bro.<br />

Ao contrário dos outros mamíferos, nosso cérebro pode usar uma fonte<br />

alternativa de calorias em períodos de fome. Em geral, nosso consumo<br />

alimentar diário fornece glicose como combustível para o cérebro. Entre uma e<br />

outra refeição, nosso cérebro é abastecido permanente<strong>mente</strong> com um fluxo<br />

constante de glicose gerado a partir <strong>da</strong> decomposição do glicogênio, na maior<br />

parte do fígado e dos músculos. Mas os estoques de glicogênio podem fornecer<br />

glicose apenas até certo ponto. Quando essas reservas se esgotam, nosso<br />

metabolismo mu<strong>da</strong> e somos capazes de criar moléculas novas de glicose a<br />

partir de aminoácidos tirados de proteínas encontra<strong>da</strong>s primordial<strong>mente</strong> nos<br />

mús​cu​los. Esse pro​ces​so é cha​ma​do, apro​pri​a​<strong>da</strong>​men​te, de glu​co​ne​o​gê​ne​se. O lado<br />

positivo é que isso acrescenta ao sistema a tão necessária glicose; o negativo é<br />

que sacrifica os músculos. E uma decomposição dos músculos não é algo bom<br />

para um ca​ça​dor-co​le​tor fa​min​to.<br />

Feliz<strong>mente</strong>, a fisiologia humana oferece um processo a mais para produzir<br />

energia para o cérebro. Quando não há mais comi<strong>da</strong> disponível, depois de uns<br />

três dias, o fígado começa a usar a gordura do corpo para criar as cetonas. É aí<br />

que o beta-HBA atua como uma eficiente fonte de energia para o cérebro, que<br />

nos possibilita longos períodos de funcionamento cognitivo durante a escassez<br />

de comi<strong>da</strong>. Tal fonte alternativa de energia aju<strong>da</strong> a reduzir nossa dependência <strong>da</strong><br />

glu​co​ne​o​gê​ne​se, pre​ser​van​do, as​sim, nos​sa mas​sa mus​cu​lar.<br />

Mas, mais do que isso, nas palavras do professor George F. Cahill, <strong>da</strong><br />

Fa​cul​<strong>da</strong>​de de Me​di​ci​na de Har​vard:<br />

estudos recentes mostraram que o beta-hidroxibutirato, a principal cetona,<br />

não apenas é um combustível, mas também um supercombustível, que<br />

produz energia ATP de maneira mais eficiente que a glicose. Ele também

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