REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA
Reforma-política-BAIXA
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Desconcentrar o sistema, concentrando prerrogativas 125<br />
regno, opera entre nós desde 1945, basicamente do mesmo modo, exceto por<br />
mudança relativamente recente (feita em 1997) no cálculo do quociente, que<br />
deixou de incluir os votos em branco no cômputo dos votos válidos. Embora<br />
jamais tenha sido particularmente popular no Brasil (nem mesmo entre os<br />
políticos), a cogitação da lista fechada tem estado sempre presente quando<br />
se pensa em reformar o sistema. Sua rejeição subordina-se invariavelmente<br />
ao mesmíssimo argumento, que já estava presente na fala de Pedro Aleixo,<br />
relator da comissão em 1935, ao rejeitar proposição da lista fechada então<br />
feita pelo deputado, por Mato Grosso, João Vilas Boas: “Meu receio é que<br />
fossemos instituir dentro dos partidos a possibilidade de abusos pelas direções<br />
partidárias. Preferi entregar aos eleitores do partido a escolha dos seus candidatos<br />
a deixar que a direção partidária fique discricionariamente dispondo<br />
da colaboração dos candidatos” (Diário do Poder Legislativo, 1935, p. 1.229,<br />
Apud Pires, 2009: 115).<br />
Esta objeção intuitiva é a que ainda hoje invariavelmente se ouve ao cogitar<br />
lista fechada. Contudo, depois de 80 anos em vigor e de 70 em operação, todos<br />
nós, tanto observadores quanto os próprios políticos, já aprendemos bastante<br />
sobre a operação da lista aberta para problematizarmos essa conclusão. Afinal,<br />
se o Brasil há tantos anos se moveu de maneira tão decidida contra as direções<br />
partidárias, por que será que ainda hoje a posição de dirigente partidário é<br />
uma das mais seguras da política brasileira? Basta passar os olhos por nosso<br />
quadro partidário e veremos em posições de poder vários dos mesmos nomes<br />
que formavam nossa elite política nos anos 1980 na época da última transição<br />
democrática. O PSDB foi fundado em 1988, e nele tinham posição de destaque<br />
Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Aécio Neves, José Richa (pai do<br />
atual governador do Paraná), Mário Covas (morto em 2000 durante seu segundo<br />
mandato no governo de São Paulo, sucedido pelo atual, seu vice, Geraldo<br />
Alckmin). O PFL mudou de nome, virou DEM. Ao fazê-lo, operou uma troca<br />
geracional, mas os sobrenomes continuaram a ocupar posições de mando: Magalhães,<br />
Bornhausen, Maia. O PMDB fraturou-se numa confederação de lideranças<br />
estaduais, mas mesmo assim a longevidade local dessas lideranças mantém<br />
seus sobrenomes em evidência ainda hoje: Barbalho, Calheiros, Sarney,<br />
Alves, Rezende, Cardoso, Simon, Requião. O controle de Roberto Jéferson sobre<br />
o PTB sobreviveu até mesmo a uma cassação e uma condenação criminal.