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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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Suplente de senadores: representatividade e governabilidade 245<br />

urnas. Para citar um exemplo: na votação que propunha a prorrogação da<br />

cobrança da CPMF em 2009, os votos contrários dos suplentes Adelmir Santana,<br />

Flexa Ribeiro e João Tenório tiveram o mesmo peso dos votos favoráveis<br />

dos titulares Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante, cuja soma de votos nas<br />

urnas aproximou-se de 21 milhões. Os votos que serão dados em plenário<br />

pelo recém-eleito senador José Serra, com mais de 11 milhões de votos, terão<br />

o mesmo peso que os votos de Ataídes de Oliveira, suplente do senador João<br />

Ribeiro, que faleceu em dezembro de 2013. Oliveira é um empresário sem<br />

tradição política, que recebeu menos de 25 mil votos na eleição que disputou<br />

para governador em 2014.<br />

Os suplentes parecem impactar também o contexto político ao serem utilizados<br />

para tarefas embaraçosas, que poderiam gerar impacto eleitoral negativo<br />

para os senadores titulares. Como eles não têm de prestar contas ao eleitor e<br />

raramente dão continuidade à carreira política, isso pode ser feito sem custos<br />

relevantes. Essa é, no entanto, uma hipótese ainda embrionária, que merece<br />

ser avaliada com maior rigor.<br />

Outro ponto importante com relação aos suplentes, que cabe ser pensado<br />

dentro do contexto de reforma política, diz respeito à capacidade governativa.<br />

As perguntas que se colocam são: até que ponto eles pesam, ou não, na relação<br />

entre o Executivo e o Legislativo? Os suplentes exercem algum impacto na<br />

relação entre os dois poderes? Em outras palavras, existe diferença de comportamento,<br />

mormente na relação com o ator principal (o Executivo), entre<br />

titulares e suplentes de senador?<br />

Ainda que a diferença não seja exorbitante, Neiva e Izumi (2012) verificaram<br />

que os suplentes proporcionam maior apoio ao governo nas votações<br />

em plenário: no périodo de 1989 a 2008, esse apoio foi dado em 88% das<br />

votações, contra 81,4% dos senadores titulares. De acordo com os dois autores,<br />

esse resultado se manteve mesmo depois de controlar os efeitos de outras<br />

variáveis importantes na decisão de voto dos legisladores, tais como filiação<br />

a um partido da coalizão governamental, a importância da matéria sob votação,<br />

o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o grau de urbanização<br />

e de sobrerrepresentação do seu estado de origem. Uma explicação possível<br />

deve-se ao fato de que boa parte das vagas geradas para os suplentes vem da<br />

escolha dos titulares para ocuparem cargos no governo federal, especialmente

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