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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

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130 Reforma política democrática<br />

tares, encaminhamentos de votações e orientações de bancadas até vultosos<br />

recursos financeiros, que englobam tanto o fundo partidário quanto – muito<br />

decisivamente naquilo que nos toca – dinheiro arrecadado como contribuições<br />

para campanhas eleitorais. Mas eles exercem esse protagonismo apenas<br />

nos bastidores. Eles não têm de ser (e não são) protagonistas nas campanhas<br />

eleitorais. Basta ver a dificuldade para se identificar o partido no material de<br />

tantas campanhas. Isso resulta em que a atuação dos partidos não está saliente<br />

na cabeça do eleitor quando ele sai de casa para votar. O eleitor pensa votar<br />

num candidato individual com o qual – com sorte – se terá identificado durante<br />

a campanha. Mas de fato está, antes de qualquer outra coisa, votando<br />

numa coligação partidária e, assim, ajudando a definir o número de cadeiras<br />

que cada uma terá. Depois, se por acaso tiver escolhido alguém que de fato<br />

compete para se eleger (o que de maneira nenhuma é garantido, mas nunca<br />

sabemos antes do dia seguinte), ele exercerá sua influência na ordem da lista,<br />

mas apenas para eleger um representante que, no dia em que toma posse, torna-se<br />

– como é inevitável – membro de uma bancada e tem de subordinar-se<br />

à agenda de seu líder, e não mais àquela que ele fez imprimir no seu material,<br />

individual, de campanha.<br />

Lista aberta, lista fechada e oligarquização<br />

Talvez nada disso chegasse a ser um problema realmente relevante se pelo menos<br />

toda essa incerteza a que está submetido o eleitor envolvesse também os<br />

quadros dirigentes partidários. Todos submergidos na penumbra, o resultado<br />

seria um compósito mais ou menos imprevisível, subordinado, contudo, aos<br />

humores difusos do eleitorado. Infelizmente, tampouco aqui é o caso. Perguntem<br />

a um cabo eleitoral, perguntem (por que não?) a um dirigente partidário<br />

quantos votos determinado candidato vai ter na próxima eleição, e eles tipicamente<br />

acertam com considerável precisão. Podem não saber, a rigor, a ordem<br />

da lista inteira, do primeiro ao último, mas sabem muitíssimo bem quem “está<br />

eleito”, quem “está fora” e quem está “disputando”. O que já é uma informação<br />

que o eleitorado não tem, a não ser como fofoca especulativa. E mais: os<br />

dirigentes partidários não apenas dispõem de um conhecimento aproximado<br />

das perspectivas eleitorais dos candidatos bem superior àquele de que nós,

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