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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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138 Reforma política democrática<br />

“experimento natural”, em que chamaríamos os cidadãos a se pronunciarem<br />

por preferências partidárias, e poderíamos ver onde é que o sistema se acomodaria<br />

mais “naturalmente”. Além do que, num plano mais formal, a cláusula<br />

de barreira reduz a proporcionalidade entre votos e cadeiras. Não vejo porque<br />

deveríamos nos apressar em adotar um mecanismo com esse efeito antes de<br />

experimentar alternativas.<br />

Daqui para o futuro<br />

Ao longo dos últimos 20 anos, aprendemos que nosso sistema político, bem<br />

ou mal, funciona. Tão criticado há poucas décadas como um sistema ingovernável<br />

que trazia uma penosa combinação entre presidencialismo, federalismo,<br />

multipartidarismo, bicameralismo simétrico e representação proporcional<br />

(Abranches, 1988), aprendemos afinal que o sistema podia funcionar<br />

com uma estabilidade política e econômica sem precedentes em nossa história<br />

e conquistas sociais relevantes. Mas a viabilização dessa estabilidade cobrou<br />

alguns preços, e o mais notório deles é a concentração de prerrogativas legislativas<br />

na própria Presidência da República (vejam-se, como exemplos mais<br />

claros, as medidas provisórias e a tramitação preferencial dos projetos de lei<br />

oriundos do Poder Executivo), além de uma considerável concentração de<br />

prerrogativas regimentais nas mesas das casas legislativas e, no caso da Câmara<br />

dos Deputados, no informal “colégio de líderes”. Tudo isso para compensar<br />

a formidável dispersão do plenário, amplificada na redundância entre as duas<br />

casas legislativas federais.<br />

Mesmo reconhecendo o bom funcionamento do sistema político brasileiro<br />

no último quarto de século, isso não precisa nos impedir de cogitar por onde o<br />

sistema poderia ou não evoluir de forma positiva. Em política, se há uma coisa<br />

que a história ensina é que sistema algum se congela ou cristaliza numa dada<br />

forma, por mais bem-sucedido que seja, e por mais que as pessoas o queiram<br />

congelar. E, no caso brasileiro, cabe atenção a algumas tendências com prazo<br />

de maturação mais longo. Essa compensação da dispersão do Congresso com a<br />

concentração de poderes na Presidência da República nos trouxe até aqui, nesta<br />

que tem sido a mais estável e duradoura constituição democrática de nossa<br />

História. Mas a solução tem amesquinhado o Congresso, que é feito refém de

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