REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA
Reforma-política-BAIXA
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52 Reforma política democrática<br />
imposição, aos elementos adversários, da estrutura de comando extremamente<br />
centralizada de um Estado político autoritário” (Mészáros, 2002).<br />
Sem a perspectiva revolucionária, a nova forma de conexão de países como<br />
o nosso com o mundo imperial-financeiro, subsumida no poder direto da<br />
especulação e da reprodução mais artificial do dinheiro, passou a se constituir<br />
como o limite máximo de liberdade. Um limite aberto à experimentação de<br />
formas alternativas à dependência integrada, sem soberania (como é o propósito<br />
ultra ou neoliberal), mas também um limite bloqueador de mudanças<br />
mais radicais nas formações sociais dependentes (como se vê nos impasses, por<br />
exemplo, da “saída grega”).<br />
No caso do Brasil, através destas formas alternativas, é reestruturada a sociedade<br />
de classes dentro da democracia a partir de 1988. A própria “questão<br />
democrática” que emerge dessas mudanças, do ponto de vista social – menos<br />
desigualdades e mais oportunidades – passa a enfrentar novos desafios.<br />
Os desafios aparecem como fortes demandas na área dos serviços de saúde,<br />
transportes urbanos, educação de qualidade, empregos mais qualificados, demandas<br />
que, não respondidas, começam a reduzir o apreço da cidadania à<br />
política e, logo, à forma democrática de resolução dos conflitos. Os novos<br />
desafios também antagonizam a cidadania com o Estado endividado, que não<br />
consegue preservar o seu sentido de “público” de maneira ampla ao responder<br />
as demandas de maneira apenas retórica e precária.<br />
Os novos conflitos nesta sociedade classista reestruturada, portanto, são<br />
integrados por novos sujeitos sociais – trabalhadores dos setores clássicos do<br />
capitalismo ou dos novos serviços e prestações – que aparecem na cena pública,<br />
agendados pelo próprio sucesso do desenvolvimento alternativo. Aparecem,<br />
também, os velhos sujeitos com novos papéis, necessidades e desejos<br />
incomuns, bolsões de inconformidade que experimentam novas formas de<br />
luta. Lutas que misturam, de forma espontânea, vontade revolucionária, sem<br />
estratégia e sem concepção de revolução, com confrontos radicalizados de natureza<br />
corporativa.<br />
O Estado, ancorado na dívida para se financiar, não tem condições imediatas<br />
de atender àquelas demandas mais importantes, mesmo com a máxima<br />
vontade dos gestores públicos de qualquer nível ou compromisso ideológico,<br />
de qualquer ideologia. A sociedade fragmenta-se, a política desprestigia-se, e o