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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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Nada menos que uma Constituinte! 309<br />

Gradativamente, generalizou-se a percepção de que há uma “blindagem”<br />

da política aos verdadeiros interesses do povo brasileiro. Nesse contexto, os<br />

partidos políticos e os próprios políticos são vistos como parte de uma mesma<br />

engrenagem subordinada aos interesses das elites e a democracia representativa<br />

se apresenta, aos olhos da juventude, como um mecanismo que impede<br />

a democracia efetiva. A arquitetura institucional brasileira e a configuração<br />

estrutural do capitalismo deixaram espaços exíguos para a política.<br />

Nesse cenário, uma poderosa mídia altamente centralizada, que opera<br />

como um verdadeiro partido político dos interesses dominantes, traduz toda<br />

a insatisfação e frustração seletivamente, direcionando-a contra as forças de<br />

esquerda e movimentos populares.<br />

Limitado por todo este contexto, a vitória da candidatura de Luiz Inácio<br />

Lula da Silva (PT), nas eleições de 2002, ocorre no auge do descenso da capacidade<br />

de lutas, se tomarmos como indicador o número de greves apurados<br />

pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos<br />

(Dieese). Ao contrário de outras experiências de governos também eleitos na<br />

luta contra o neoliberalismo em nosso continente, como a Venezuela, Equador<br />

e Bolívia, os dois governos de Lula optaram por não enfrentar o sistema<br />

político, deixando de apresentar qualquer proposta de uma constituinte.<br />

Com os governos petistas, ingressamos num período de fortalecimento da<br />

capacidade de luta da classe trabalhadora. Desde 2004, presenciamos uma recuperação<br />

do movimento sindical brasileiro, com a grande maioria dos acordos<br />

e convenções obtendo aumento real de salário. Os dados sobre as greves de<br />

2004 e dos anos subsequentes apontam para uma atividade sindical vigorosa,<br />

considerado o padrão histórico de ação sindical brasileiro. Na segunda metade<br />

da década de 1980, tivemos uma média de 2,2 mil greves por ano, mas esse foi<br />

um período excepcional na história do sindicalismo brasileiro e mundial; já no<br />

período 1991-1997, a média anual de greves caiu para cerca de 930. Na década<br />

de 2000, em especial depois de 2004, embora em números absolutos as greves<br />

tenham diminuído (em termos médios entre os anos de 2004 e 2010 foram<br />

360 greves e 1,5 milhão de grevistas por ano), as greves ganharam força em termos<br />

reivindicativos e de conquistas e seguiram avançando quantitativamente.<br />

O crescimento da capacidade de lutas do movimento sindical expressa um<br />

momento de retomada da luta popular. Porém, o mais grave foi a incapacidade

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