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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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220 Reforma política democrática<br />

Reformas e ampliação de espaço<br />

Enfim, em termos gerais, é possível avaliar que a luta dos setores progressistas,<br />

na sociedade, nos partidos e no parlamento, no ciclo de mobilizações pela<br />

democracia, resultou em reformas institucionais que ampliaram de forma significativa<br />

o espaço para a influência dos cidadãos nos assuntos públicos. Em<br />

articulação com os aliados do campo político, os movimentos sociais conquistaram<br />

o direito de intervir nos processos de formulação, implementação<br />

e avaliação das políticas públicas, resultando ao final do ciclo em uma densa<br />

malha participativa que se estende sobre o Estado brasileiro.<br />

Contudo, os estudos também apontam que há diversos problemas no funcionamento<br />

das instituições participativas, seja no que se refere à questão do<br />

acesso dos setores mais pobres, a efetividade da participação sobre as políticas<br />

públicas, ou seu nível de conhecimento no interior da sociedade (Dagnino,<br />

2002; Almeida e Tatagiba, 2012).<br />

Fora das comunidades de políticas, é baixo o nível de conhecimento das<br />

instituições participativas. É possível dizer que há uma inadequada apropriação/conhecimento<br />

tanto por parte da sociedade como da mídia, e também<br />

por parte do próprio Estado (Judiciário, Congresso Nacional, setores dentro<br />

do Executivo, funcionários públicos) dos canais participativos existentes.<br />

Também é preciso discutir a questão da efetividade da participação. Uma<br />

participação que não gera mudanças, que não se traduz em estratégia efetiva<br />

para conquista e manutenção de direitos necessariamente leva ao descrédito e<br />

fortalece a apatia. Tão ruim quanto não ter espaço para expressar a própria voz<br />

é sentir-se manipulado em processos participativos “de fachada”. A participação<br />

só fortalece a democracia quando é “para valer”.<br />

Em termos numéricos, cresceram os canais de participação, entretanto, eles<br />

têm um caráter hoje muito mais consultivo ou de “escuta” ou diálogo (Teixeira,<br />

2013) com poucas consequências concretas para a transformação política brasileira.<br />

É sem dúvida uma participação que inclui, no sentido de trazer novas vozes<br />

e perspectivas para o debate político (Young, 2006), mas os arranjos institucionais<br />

existentes propiciam mais a formação de um público fraco, nos termos<br />

de Fraser (1992), do que de um público forte. Tem havido debate, mas pouca<br />

deliberação. E se não há canais para onde canalizar o conflito, ele transborda

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