03.09.2015 Views

REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

Reforma-política-BAIXA

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

150 Reforma política democrática<br />

pelos cidadãos o risco de eleger candidatos indesejáveis, o eleitor teria condições<br />

de optar por outra lista partidária na qual as alternativas lhe fossem mais<br />

palatáveis – ou seja, teria mais escolha, e não menos, muito diferentemente<br />

do que ocorre hoje.<br />

Por fim, vale observar alguns efeitos que o sistema de lista fechada poderia<br />

ter para a questão crucial do financiamento das campanhas. Um sistema de<br />

listas fechadas facilitaria muito o financiamento público de campanha, pois<br />

os recursos seriam carreados para a divulgação de listas, e não de um ou outro<br />

nome. Do jeito que é hoje, como seria possível definir a quem destinar<br />

o dinheiro público? Seria o caso de pulverizá-lo igualmente entre os vários<br />

candidatos, a despeito de sua real competitividade ou importância política?<br />

Ou seria o caso de privilegiar na distribuição de dinheiro os queridinhos da<br />

direção partidária em detrimento dos desafetos? Se na confecção de uma lista<br />

preordenada a oligarquia pode pesar, ao menos os resultados de sua decisão<br />

ficam muito claros para o público – bastaria observar a ordem dos candidatos.<br />

O mesmo certamente não ocorre na distribuição dos recursos de campanha<br />

entre diversos candidatos, pois é bem mais difícil para o eleitor escrutinar<br />

quem recebeu mais ou menos recursos para sua campanha.<br />

Ademais, o atual sistema eleitoral eleva sobremaneira os custos de campanha<br />

se comparado a sistemas alternativos. É muito caro eleger-se deputado<br />

num sistema de lista aberta, concorrendo com um número avassalador de<br />

adversários (inclusive de sua própria agremiação) e tendo de percorrer todo<br />

um estado para assegurar a vitória. Se compararmos tal sistema tanto com<br />

o de “voto distrital” (em que se concorre dentro de um território bem mais<br />

delimitado contra um número também mais reduzido de candidatos), quanto<br />

com o de lista fechada (em que a campanha se dá “no atacado”, para o partido<br />

como um todo), o modelo adotado no Brasil é apropriado para eleger uma<br />

plutocracia – dos que obtêm boas verbas de campanha. E sabendo-se como<br />

tais verbas são obtidas, pode-se dizer que esta plutocracia tende a ser não só<br />

oligárquica como também corrupta. Podemos, portanto, escolher: ou continuamos<br />

com um grande número de oligarcas-plutocratas-corruptos ou nos<br />

arriscamos a ficar com os escolhidos por oligarcas partidários, como faz grande<br />

parte das democracias que adotam a representação proporcional mundo afora.<br />

Qual dessas formas oligárquicas será menos pior?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!