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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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126 Reforma política democrática<br />

O inexpressivo José Luiz Penna controla o PV a ponto de poder forçar para fora<br />

do partido uma candidata plausível à Presidência da República, Marina Silva,<br />

destinatária de 20% dos votos na eleição anterior. Mesmo o PT, beneficiário de<br />

uma vitalidade organizacional e associativa incomparável na política brasileira<br />

recente, manteve-se tão tranquilamente subordinado a um núcleo de colaboradores<br />

próximos a Lula que, quando esse núcleo viu-se engolfado pelo vendaval<br />

do “mensalão” a partir de 2005, o partido resignou-se a buscar sua candidata,<br />

em 2010, numa colaboradora do presidente, integrante de seu ministério, que<br />

pertencia ao partido havia menos de dez anos e jamais disputara eleições.<br />

A lista dos casos poderia estender-se longamente, e dificilmente semelhante<br />

estabilidade poderá ser encontrada nas “partidocracias” parlamentaristas<br />

europeias, mesmo com lista fechada. Talvez o sintoma mais próximo desta<br />

variedade de degenerescência democrática seja hoje exibido pelos Estados<br />

Unidos – que, desde 1988, exceto pela eleição de 2012, há sempre um Bush<br />

e/ou um Clinton em campanha pela presidência. E é bem possível que em<br />

2016 tenhamos Bush versus Clinton, assim como em 1992. Claro que um<br />

fenômeno como este se dá por vários motivos, mas não é possível desprezar<br />

a circunstância de que tanto Brasil quanto Estados Unidos são dois dos raros<br />

países que permitem a um político arrecadar recursos e fazer campanha individualmente.<br />

Não por acaso, são países onde o financiamento de campanha tem<br />

levantado controvérsia e induzido mudanças na legislação. No caso do Brasil,<br />

pesquisa recente revelou também como a constituição ou não de diretórios<br />

regionais varia enormemente entre os partidos, sob complacência da legislação<br />

(Guarnieri, 2011), com efeitos presumíveis na capacidade das executivas de<br />

controlar os partidos. Cabe, porém, observar que esta estabilidade das direções<br />

partidárias no Brasil ocorre mesmo em partidos relativamente organizados,<br />

como o PT, e a despeito de uma renovação parlamentar comparativamente<br />

alta (como seria de se esperar com a lista aberta), girando em torno de 40%<br />

a cada legislatura. De fato, há motivos para crer que a lista aberta brasileira,<br />

sobretudo por seus efeitos sobre a dinâmica do financiamento das campanhas,<br />

favorece a posição dos dirigentes. Conforme detalhamento a seguir, isto se dá,<br />

sobretudo, por uma combinação perversa entre:<br />

1. baixa responsividade eleitoral dos partidos enquanto tal, induzida exatamente<br />

pela lista aberta;

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