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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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146 Reforma política democrática<br />

uma pessoa específica, facultando-lhe apenas a escolha entre partidos, num<br />

pacote fechado. A questão que precisa ser levantada é se tal mudança é, por si<br />

só, ruim. Ou, posto de outra forma, cabe perguntar o que gera um resultado<br />

global melhor: um sistema no qual o eleitor tem a liberdade de votar no seu<br />

candidato preferido numa lista aberta, mas cujos resultados globais são-lhe<br />

insondáveis, ou outro, no qual é maior seu conhecimento prévio sobre os<br />

possíveis efeitos de seu voto para a composição da casa legislativa, pois vota<br />

num pacote de candidatos cuja chance de chegar ao parlamento é conhecida,<br />

pois a ordem é preestabelecida.<br />

O problema do argumento brandido por Fabiano Santos é que ele superestima<br />

o lado da demanda no processo eleitoral, esquecendo-se dos efeitos<br />

que a demanda agregada dos eleitores pode ter sobre a composição das bancadas.<br />

Esse argumento também desconsidera o entendimento efetivo que o<br />

demandante (o eleitor) tem dos resultados líquidos de seu voto. Se o eleitor<br />

demanda uma coisa, mas o que lhe é oferecido é outra, sem que ele perceba,<br />

temos aí um sério defeito do atual sistema de representação. Demanda e oferta<br />

não se encontram e, claro, os menos informados e menos capazes de controlar<br />

o processo de intercâmbio são os que menos poder têm nessa relação. Eis aí,<br />

novamente, a oligarquia em ação.<br />

Os problemas tornam-se mais claros quando consideramos os achados de<br />

outro cientista político, Jairo Nicolau, em trabalho publicado na revista Dados<br />

no ano de 2002 – mas que mantém toda sua atualidade para a discussão que<br />

ora se desenrola no país sobre o tema. O texto trazia o sugestivo título “Como<br />

controlar o representante? Considerações sobre as eleições para a Câmara dos<br />

Deputados no Brasil” 3 . Nele, Nicolau aponta que:<br />

Não existem pesquisas acerca do que os cidadãos sabem dos mecanismos de apuração<br />

de votos, mas intui-se que há uma percepção por parte dos eleitores de que são<br />

eleitos os candidatos que obtêm mais votos, à maneira de um sistema majoritário<br />

que elege mais de um representante. Poucos eleitores têm informação sobre quão<br />

3<br />

NICOLAU, Jairo. “Como controlar o representante? Considerações sobre as eleições para a<br />

Câmara dos Deputados no Brasil”. Dados: Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 45, n.<br />

2, 2002, pp. 219 a 236. Disponível em: . Acesso em 31 mar. 2015.

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