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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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50 Reforma política democrática<br />

ça, que consolidou uma clara hegemonia político-militar e abriu caminho ao<br />

desfecho da “Gloriosa”.<br />

As instituições que forjaram a democracia moderna, fundadas na Gloriosa<br />

e na Revolução Francesa – regime baseado em decisões majoritárias com<br />

liberdade política, igualdade formal, inviolabilidade dos direitos assegurados<br />

em lei –, têm como um dos seus “pontos fortes” (Pasquino, 2000) – para usar<br />

uma expressão de Gianfranco Pasquino – a sua “flexibilidade institucional”.<br />

Os regimes autoritários têm pouca flexibilidade institucional. Quando “flexionam”,<br />

abrem as portas para a sua substituição, negociada ou violenta, pelos<br />

regimes democráticos. As democracias, porém, quando “flexionam”, tanto podem<br />

constituir mais condições democráticas para a vida comum como menos<br />

condições democráticas para a vida da maioria.<br />

As democracias mais maduras têm a capacidade, em regra, de manter a<br />

“moldura institucional”, formal, de caráter libertário, originária das revoluções<br />

que as forjaram, mesmo quando se tornam objetivamente mais autoritárias,<br />

oportunidade em que bradam o argumento do “terrorismo” ou do<br />

“inimigo externo”. Estas democracias mais maduras têm uma flexibilidade<br />

institucional mais larga, mas por outro lado podem exercer a “exceção” com<br />

mais legitimidade.<br />

Dentro de um mesmo regime político, portanto, pode se ter tanto mais<br />

democracia como menos democracia, independentemente de que a sua decadência<br />

seja obstruída ou não. Mas, se a decadência não é enfrentada, a democracia<br />

tende a ser superada, tanto por uma ditadura “aberta”, com maiores<br />

ou menores traços fascistas, como por um regime autoritário que use abusivamente<br />

da exceção. Um regime autoritário, não ditatorial, frequentemente leva<br />

a flexibilidade das instituições, em algum momento, a um ponto de “quebra”.<br />

Este fenômeno ocorreu aqui no país, com a edição do AI-5 (2 de setembro de<br />

1968), e no Peru (1990-2000), com o “golpe branco” do ex-presidente, hoje<br />

preso, Alberto Fujimori.<br />

A “decadência” democrática, embora com visibilidade especial na atual<br />

conjuntura do país, não é uma questão nova no mundo. A partir da deterioração<br />

do curto reinado social-democrata, que espalhou experiências positivas<br />

de coesão política em torno do Estado Social de Direito em dezenas de países<br />

do ocidente, tomou-se consciência plena de uma “crise da democracia”. De-

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