REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA
Reforma-política-BAIXA
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Financiamento de campanha, mídia e liberdade política 75<br />
efeitos sobre o regime democrático. Fato é que a literatura acadêmica acerca<br />
do viés da grande mídia naquele país só faz crescer (D’Alessio, 2012; DellaVigna,<br />
National Bureau of Economic Research., and Kaplan, 2006; Carlson,<br />
2003; Young, 1999). Alguns autores argumentam que a oligopolização do<br />
setor já se faz sentir na virada do século XX (Sheppard, 2008).<br />
O importante é notar que no Brasil o recente processo de democratização<br />
não se estendeu ao setor da comunicação. A sociedade brasileira hoje é informada<br />
por um pequeno grupo de grandes empresas de mídia, todas ativas no<br />
contexto do regime militar, que apoiaram de maneira mais ou menos explícita.<br />
Se no contexto da democratização houve certa dispersão, com alguns grupos<br />
aderindo ao movimento pela abertura decididamente, enquanto outros mantinham<br />
simpatias claras com o regime de exceção, com as repetidas vitórias<br />
de candidatos do PT nos últimos quatro pleitos presidenciais, a grande mídia<br />
assumiu coletivamente o papel de oposição ao governo em exercício. Isso se<br />
reflete, entre outras coisas, em um tremendo viés antigoverno, antiesquerda<br />
e anti-PT, já fartamente detectado pela literatura acadêmica especializada<br />
(Miguel, 1999; Aldé, 2003; Aldé, Mendes and Figueiredo, 2007), viés esse<br />
que recrudesce em períodos eleitorais, como mostram repetidos estudos sobre<br />
o tema e, mais recentemente, as análises do Manchetômetro 7 .<br />
Para se ter uma ideia, tomando o período eleitoral de 2014, enquanto<br />
Dilma (PT), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) foram objeto de um<br />
número similar de chamadas e manchetes neutras nas capas dos jornais O<br />
Globo, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, em torno de 250 cada, Dilma<br />
recebeu cinco vezes mais contrárias (212/44/59, respectivamente). No mesmo<br />
período, Aécio Neves recebeu quatro vezes mais chamadas e manchetes favoráveis<br />
que Dilma (41/10). Proporção similar se nota quando comparamos as<br />
contrárias para partidos políticos. O PT foi alvo no mesmo período de 137<br />
chamadas negativas, enquanto o PSDB de apenas 39 e o PSB, 20. As análises<br />
do “Manchetômetro” mostram que na eleição de 2010 o viés também foi tremendo<br />
e no mesmo sentido. Dilma teve o dobro de contrárias recebidas por<br />
José Serra (PSDB). Por fim, a análise da eleição de 1998, quando Fernando<br />
Henrique Cardoso (PSDB) concorria à reeleição contra Lula (PT) revela que o<br />
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