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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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242 Reforma política democrática<br />

garantem os papéis do governo e da oposição”. Para O’Donnell (1999: 587),<br />

“em um regime democrático, as eleições são competitivas, livres, igualitárias,<br />

decisivas e includentes. Quando institucionalizadas, tornam-se componente<br />

principal, já que se trata do único meio de acesso às principais posições de governo”.<br />

Manin (1995) argumenta que a condição de governante não pode ser<br />

obtida como uma dádiva divina, a partir da riqueza, do saber ou de qualquer<br />

outra qualidade individual; ela deve ser conquistada, unicamente, a partir da<br />

vontade e do consentimento daqueles que serão governados. Na mesma linha,<br />

Cheibub e Przwerworski (1999) usaram três informações principais para classificar<br />

um regime como democrático, a saber: se existe mais de um partido<br />

competindo nas eleições; se os partidos que estão no poder têm a possibilidade<br />

de perder a eleição; se os membros do legislativo são eleitos.<br />

O fato de os suplentes não serem eleitos gera não apenas um déficit de<br />

representatividade, mas também de responsividade. Isso porque, em geral, eles<br />

não se candidatam para outro cargo eletivo no final do mandato, até mesmo<br />

por conta da sua inexperiência política e da falta de respaldo eleitoral. Segundo<br />

Neiva e Izumi (2012), nada menos do que 58% dos suplentes de senadores<br />

entre 1989 e 2006 não haviam exercido qualquer cargo eletivo anteriormente,<br />

contra 14% dos titulares. Entre os senadores do pleito de 2010, a situação se<br />

repete: 57% dos suplentes nunca haviam exercido cargo eletivo, contra 5,5%<br />

dos titulares 3 . Os poucos que o exerceram o fizeram em cargos menos importantes<br />

como os de vereador, prefeito e deputado estadual.<br />

Entre os titulares, a situação é diferente. A experiência eleitoral é bem<br />

maior, especialmente no que se refere aos cargos mais importantes: de acordo<br />

com Neiva e Izumi (2012), mais da metade já foi deputado federal, 25% já<br />

foram senadores e 31,5% já foram governadores do seu estado; entre os suplentes,<br />

os números são bem mais baixos: 13%, 3% e 1%, respectivamente.<br />

Os dados referentes à eleição de 2010 apresentam uma situação semelhante:<br />

63% dos titulares eleitos já foram deputados federais, 35% já haviam ocupado<br />

3<br />

No que se refere à ocupação de cargos não eletivos, a diferença entre titulares e suplentes é<br />

um pouco menor, mas cresce à medida que aumenta a sua importância. No relevante cargo<br />

de ministro de Estado, apenas 5% dos suplentes passaram por ele, contra 19% dos senadores<br />

titulares. Já no cargo menos importante de secretário municipal, a distância entre eles é<br />

pequena: 14% dos suplentes tiveram essa experiência, contra 17% dos titulares.

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