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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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Listas eleitorais: problemas de oferta e demanda 149<br />

sentação parlamentar – e isso num sistema que deveria ser proporcional. Que<br />

proporcionalidade é essa, baseada num critério de contagem incompreendido<br />

e não avalizado pelo eleitor? Temos aí mero formalismo, sem um lastro na<br />

compreensão dos cidadãos, o qual lhe daria legitimidade.<br />

Noutras palavras, no atual sistema, o eleitorado compra gato por lebre.<br />

Pensa que seu voto vai para um candidato – quer este ganhe ou perca – sem<br />

saber que na realidade irá para outros – qualquer que seja a sorte de seu candidato<br />

preferido, escolhido e votado. É este notadamente o caso dos eleitores<br />

que, por exemplo, votaram em Tiririca, mas elegeram Protógenes Queiroz. E<br />

isto não vale apenas para quem vota nos “puxadores” de voto (os muitíssimo<br />

bem votados), mas também para quem vota nos “empurradores” de voto – os<br />

pouco votados individualmente que, no agregado, contribuem para o partido<br />

compor seu percentual de cadeiras, ou seja, os que não têm qualquer chance<br />

de ser eleitos, mas somados ajudam a eleger os mais bem votados que eles.<br />

Isto é assim porque qualquer concorrente – eleito ou não – contribui<br />

para o coeficiente partidário e, logo, para eleger outros postulantes do mesmo<br />

partido ou coligação. Não haveria tanto problema aí se o eleitorado<br />

compreendesse claramente a regra do jogo, mas isto não ocorre hoje e dificilmente<br />

virá a ocorrer. Portanto, se os eleitores tivessem de optar apenas<br />

por legendas, ao menos teriam diante de si alternativas claras e efetivas:<br />

votariam em partidos e seus votos não seriam perdidos (exceto no caso da<br />

agremiação não alcançar sequer o coeficiente eleitoral – mínimo necessário<br />

para eleger alguém) e nem transferidos inadvertidamente a terceiros, que o<br />

eleitor ou desconhece ou não tem como determinar de antemão. Numa lista<br />

fechada, mesmo que constem nomes indesejados pelo eleitor, ele ao menos<br />

pode conhecê-los previamente, além de tomar consciência da colocação em<br />

que o postulante que não lhe agrada está posicionado – e, portanto, de suas<br />

maiores ou menores chances de ser eleito.<br />

Em suma, a lista fechada solucionaria o problema pelo lado da oferta,<br />

pois permitiria aos partidos oferecerem aos eleitores alternativas realmente<br />

claras sobre as quais eles poderiam efetuar suas escolhas. Noutros termos,<br />

o eleitorado deixaria de comprar gato por lebre, pois mesmo que tivesse de<br />

optar por listas que embutissem algo de indesejável, o grau de indesejabilidade<br />

seria passível de antecipação. Sendo efetivamente conhecido de antemão

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