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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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168 Reforma política democrática<br />

Ou seja, as regras que existem asseguram o predomínio dos grandes doadores,<br />

sejam eles pessoa física ou jurídica.<br />

Essas características da política de financiamento combinada com um sistema<br />

de RP com listas abertas, nas quais campanhas e arrecadações são individualizadas,<br />

faz com que as receitas de campanha sejam um dos elementos<br />

mais importantes para definir as chances de sucesso dos candidatos nas urnas<br />

(Britto, 2009; Peixoto, 2004; Samuels, 2001; Sacchet e Speck 2012a, 2012b;<br />

Speck, 2005), criando uma situação de grande desigualdade política entre<br />

eles. Portanto, não surpreende que o financiamento eleitoral seja um dos tópicos<br />

mais controversos no debate sobre reforma política no Brasil. Um teto<br />

máximo e uma regulação efetiva dos gastos de campanha democratizariam o<br />

processo político, mas muitos daqueles que se beneficiam do atual sistema<br />

perderiam com isso.<br />

Diferentemente do Brasil, dos países com RP com listas abertas abordados<br />

anteriormente, apenas no Chile os candidatos podem individualmente<br />

receber dinheiro da iniciativa privada, e em todos eles, incluindo o Chile, há<br />

tetos impostos por lei que limitam os gastos das campanhas dos candidatos e<br />

partidos (IDEA, 2015). Esses mecanismos utilizados para limitar a influência<br />

do capital financeiro no processo eleitoral podem ajudar a entender porque o<br />

Brasil tem o índice mais baixo de mulheres em cadeiras legislativas do continente,<br />

mesmo em comparação com países que não implementam cotas.<br />

A individualização das campanhas típicas de sistemas de RP com as características<br />

do brasileiro, somado a suas regras de financiamento de campanha,<br />

impacta de forma particular as chances de sucesso eleitoral das mulheres. Em<br />

estudos anteriores sobre diferentes pleitos eleitorais e níveis de disputas para<br />

cadeiras legislativas (do local ao nacional), foi constatado que as mulheres têm<br />

arrecadação média de campanha substancialmente inferior a dos homens (Sacchet,<br />

2013, 2011; Sacchet e Speck, 2012a, 2012b). Elas recebem significativamente<br />

menos apoio financeiro da iniciativa privada, dos partidos e tendem a<br />

investir menos recursos próprios em suas campanhas.<br />

A tabela a seguir apresenta uma amostra das diferenças em financiamento<br />

eleitoral de mulheres e homens vista também em outros pleitos legislativos.<br />

Nela são retratadas grandes diferenças no financiamento eleitoral de homens e<br />

mulheres nas eleições proporcionais de 2006 e 2010. Não houve possibilidade

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