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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

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240 Reforma política democrática<br />

de suas funções no caso de falecimento, exercício de algum cargo no Poder<br />

Executivo (em níveis federal, estadual ou municipal) ou licença saúde superior<br />

a 120 dias.<br />

Artigos publicados na imprensa e a parca literatura acadêmica a respeito<br />

sugerem que eles são escolhidos a partir de algumas motivações principais.<br />

Uma delas é a mesma adotada para a escolha de quase todos os vice-governadores,<br />

vice-prefeitos e vice-presidente da República: a acomodação dos<br />

partidos que fazem parte da aliança eleitoral. Outros critérios menos nobres<br />

também costumam ser seguidos: o afetivo (escolha de parentes); a retribuição<br />

aos financiadores de campanha; a mera casualidade 1 e até mesmo acordos para<br />

a divisão do mandato (Moraes, 2006; Oliveira, 2005; Pessanha & Backes,<br />

2007; Rudy, 2004; Weffort, 2009).<br />

O teste efetivo dessas hipóteses nem sempre é fácil, especialmente a que<br />

diz respeito ao financiamento de campanha dos titulares. Além da existência<br />

do chamado “caixa dois”, muitas doações são feitas por empresas, cujos proprietários<br />

não são facilmente perceptíveis. Muitas vezes, elas são direcionadas<br />

para os partidos e/ou para os comitês eleitorais, cujos repasses não é possível<br />

identificar. Acontece também de o suplente não fazer a doação diretamente no<br />

seu nome, mas através de outra pessoa, como forma de evitar a exposição do<br />

problema, que vem se tornando cada vez mais evidente. Não obstante, notícias<br />

veiculadas na imprensa revelam que a prática acontece. De acordo com o<br />

site “Congresso em Foco” (6 nov. 2010), um em cada três dos senadores eleitos<br />

em 2010 recebeu doações de seus suplentes. Segundo a revista Veja, de 22 de<br />

julho de 1998, 14% do senadores eleitos para a 50ª legislatura (1995-1999)<br />

entregaram as suas suplências a financiadores de campanhas.<br />

A frequência de empresários entre os senadores suplentes também é sugestiva<br />

no reforço dessa hipótese: segundo Neiva e Izumi (2012), a sua proporção<br />

ficou acima de um terço entre os suplentes do período de 1988 a 2008, contra<br />

menos de um quarto dos titulares. Na comparação com outras profissões, os<br />

1<br />

Exemplo de escolha casual é a do ex-governador de Roraima, Hélio Campos (PMN). Às vésperas<br />

do prazo final para registro de candidaturas, e sem tempo para fazer uma composição<br />

política, ele colocou como seus suplentes o pedreiro João França e o marceneiro Claudomiro<br />

Pinheiro, que trabalhavam em uma obra em sua casa. Campos faleceu dois meses depois da<br />

posse, dando a João França o privilégio de ser senador por quase um mandato inteiro de oito<br />

anos (Rudy, 2004; Boaventura e Lima, 2004).

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