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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

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Reforma política e participação popular 221<br />

por todas as partes, gerando insatisfações tanto nos setores mais conservadores<br />

(já tradicionalmente refratários a qualquer processo mais participativo) quanto<br />

nos setores mais progressistas. E esses são aspectos que limitam o potencial da<br />

participação como processo de formação para a cidadania.<br />

Em parte, podemos entender a polissemia das ruas de junho de 2013 em<br />

diante – com setores à esquerda e direita disputando o espaço, e variadas expressões<br />

de violência – como associada a esta participação de baixa intensidade.<br />

Além de abrir um debate mais amplo sobre a arquitetura participativa existente<br />

e seus avanços e limites para garantia e acesso aos direitos, é fundamental<br />

abrir-se à experimentação de novos modelos participativos.<br />

Conselhos e conferências foram experiências iniciadas na saúde e que se espalharam<br />

como modelos para outras áreas. Mas outras possibilidades de envolvimento<br />

do cidadão comum com a política se enraizaram pouco na sociedade.<br />

É o caso dos referendos, plebiscitos e iniciativas populares de lei. Ao longo do<br />

tempo, algumas concepções em torno da democracia participativa foram mais<br />

“vitoriosas” do que outras (Teixeira, 2013) e tiveram como resultado instituições<br />

participativas concretas. Pouco se investiu em plebiscitos, referendos e iniciativas<br />

populares de lei. Muito se investiu em conselhos e conferências de políticas públicas.<br />

Comparando com as trajetórias de outros países que procuraram também<br />

incorporar a soberania popular para além do voto, nosso investimento foi baixo<br />

em termos de democracia direta, com os plebiscitos ou referendos.<br />

As instituições participativas atingiram a maioridade e hoje precisam enfrentar<br />

o desafio de se reinventar, adequando suas regras de funcionamento e<br />

suas dinâmicas políticas às exigências de um associativismo mais complexo e<br />

plural, bem como às exigências de quem quer participar, mas não está organizado<br />

(nem se identifica com isso) sob a forma de associações, partidos, entidades<br />

ou movimentos. A crise do sistema representativo que explodiu nas ruas<br />

em junho de 2013 explicitou que há uma juventude desejosa por participar,<br />

mas que não se sente comprometida com a história de criação dos arranjos<br />

participativos existentes, ao mesmo tempo em que mantém uma profunda<br />

resistência a qualquer ideia de representação. Eles querem se expressar, mas<br />

querem fazer isso em seus próprios termos. É preciso aliar criatividade e coragem<br />

para mudar, para que seja possível facultar a essa juventude novos canais<br />

de acesso à política. Sem esse esforço, o que sobra é o niilismo e a violência.

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