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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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Que reforma política interessa às mulheres? 165<br />

que é RP, as listas são fechadas e há mandato de posição para as candidaturas<br />

de homens e mulheres. Consequentemente, na Bolívia, que tem cota de 50%,<br />

e no México, que tem cota de 40%, o número de eleitas em suas Câmaras dos<br />

Deputados é próximo a esses percentuais. Ou seja, o sistema eleitoral misto<br />

favorece as mulheres contanto que haja cotas e que essas sejam implementadas<br />

também na sua parte majoritária em vagas uninominais.<br />

O exemplo da Venezuela e do Panamá é ilustrativo nesse sentido. Embora<br />

esses países também tenham sistemas mistos, a situação deles é distinta. No<br />

primeiro, onde não há cotas, o percentual de mulheres eleitas é de 17%; e no<br />

segundo, apesar de oficialmente ter uma legislação de cotas de 50%, essa não<br />

é adequadamente imposta pela justiça eleitoral, e assim a representação das<br />

mulheres é de 19,3%, ou seja, distante do percentual das cotas (Quotaproject,<br />

2015). Portanto, a análise sobre o desempenho eleitoral das mulheres nos sistemas<br />

mistos confirma a centralidade das cotas, do mandato de posição e de<br />

mecanismos de controle legais para o sucesso eleitoral das mulheres.<br />

Seria o sistema misto ou majoritário (distrital como tem sido chamado no<br />

Brasil) uma opção viável para aumentar a representação política das mulheres<br />

no Brasil? Pouco provável. Se os partidos políticos brasileiros relutaram por<br />

quase duas décadas para implementar as cotas, em um sistema eleitoral em<br />

que as mulheres têm grandes dificuldades de competir em pé de igualdade<br />

com os homens, como será discutido na próxima seção, dificilmente eles concordariam<br />

em implementá-las em um sistema com cadeiras uninominais.<br />

Um caso que chama a atenção é o do Equador, por ter um elevado percentual<br />

de mulheres em sua legislatura nacional (41,6%), mesmo utilizando<br />

um sistema eleitoral de RP com lista aberta, que é considerado pela literatura<br />

como um dos menos favoráveis à eleição de mulheres. No entanto, uma<br />

análise mais detida do sistema e do comportamento eleitoral neste país também<br />

confirma as teorias anteriores. No Equador, a Assembleia da República<br />

(como é chamado o seu parlamento unicameral) tem 137 assentos, que são<br />

ocupados de acordo com as regras de um sistema de RP com listas abertas (ou<br />

livres) 14 , com características singulares em relação às demais no continente,<br />

14<br />

O sistema PR de lista aberta do Equador também é chamado por alguns autores de lista livre<br />

ou free list, para destacar suas características particulares em relação a outros países com esse<br />

tipo de lista.

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