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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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162 Reforma política democrática<br />

Além do sistema RP com lista fechada e das cotas, outro fator destacado é<br />

a existência de mandato de posição. O mandato de posição estipula a alocação<br />

dos candidatos homens e mulheres nas listas de forma a obedecer o percentual<br />

das cotas. No caso brasileiro, que tem cota de 30%, das primeiras três posições<br />

das listas de cada partido, no mínimo uma delas seria ocupada por mulher,<br />

e assim sucessivamente até o fim da lista. Este mecanismo força os partidos a<br />

colocar mulheres nas primeiras posições da lista, que são as mais propensas a<br />

darem retorno em termos de assentos legislativos. Sem mandato de posição,<br />

como observado no caso da Argentina no início da implementação das cotas,<br />

a tendência é que os partidos aloquem mais homens no topo e mais mulheres<br />

no final de suas listas, em qual elas terão menos chances de serem eleitas.<br />

Por fim, o controle efetivo da justiça eleitoral sobre partidos e coligações<br />

é essencial para garantir o cumprimento das cotas e das regras de sua<br />

aplicação. A experiência de implementação das cotas no Brasil é um bom<br />

exemplo disso. Embora o Brasil tenha cotas há quase 20 anos, somente nas<br />

eleições de 2012 e 2014 elas foram cumpridas. Antes disso, a ausência de<br />

penalização aos partidos infratores da regra conduziu ao descumprimento<br />

generalizado dela.<br />

As três variáveis discutidas anteriormente são consideradas por pesquisadores<br />

da representação política das mulheres como centrais para o efetivo funcionamento<br />

das cotas e para assegurar um melhor retorno eleitoral das candidaturas<br />

femininas. Porém, resultados eleitorais recentes na América Latina<br />

sugerem, à primeira vista, uma desestabilização dessa teoria.<br />

Sistemas eleitorais e representação das mulheres na<br />

América Latina e no Brasil<br />

A tabela a seguir apresenta os 18 países da América Latina, com as seguintes<br />

informações: número de mulheres presentes em suas casas legislativas (Câmaras<br />

Baixas e Alta – quando houver), o tipo de sistema eleitoral e percentual de cotas<br />

(quando houver). Embora sejam oferecidas também informações sobre as Câmaras<br />

Altas, como nem todos os países possuem essa casa legislativa, a análise<br />

dos dados se deterá nas posições de mulheres nas Câmaras Baixas e Unicamerais.<br />

A partir destes dados, é possível fazer algumas leituras e inferências acerca da

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