REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA
Reforma-política-BAIXA
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140 Reforma política democrática<br />
Cabe sempre lembrar a recomendação de Max Weber (1978): se o Parlamento<br />
deixa a desejar, é preciso dar poder ao Parlamento. Mas seria certamente<br />
um desastre tentar fazê-lo por mero fiat institucional, como se não tivesse<br />
havido razões concretas para as prerrogativas correntes do Poder Executivo.<br />
Seria preciso, numa palavra, “endurecer” a estrutura interna da Câmara, e<br />
isso não se alcança sem atuar sobre a chamada “conexão eleitoral”. Se cada<br />
deputado deve seu mandato não ao chafariz da praça ou a alguma outra emenda<br />
orçamentária de natureza distributiva (ou, muito pior, ao seu financiador<br />
individual), mas a uma convenção partidária estadual, o jogo com o governo<br />
no plenário é mais duro, porque a negociação vai incidir sobre plataformas<br />
coletivas e mobilizar bancadas com maior intensidade que agora. Reforçam-<br />
-se a posição organizacional e o poder de barganha do Congresso. Governo<br />
e financiadores seriam levados a lidar com níveis mais altos de organização<br />
política no lado dos partidos, em vez de descer ao varejo de lidar com cada<br />
deputado individual, desesperado por visibilidade e dinheiro para a sua próxima<br />
campanha.<br />
Ao longo dos últimos 80 anos, é natural que tenhamos aprendido sobre a<br />
operação da lista aberta mais do que a geração de seus inventores, como Assis<br />
Brasil, Pedro Aleixo e Agamenon Magalhães, teria podido imaginar. Voltar a<br />
girar a roda dessa história é a melhor homenagem que lhes podemos prestar.<br />
Referências bibliográficas<br />
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