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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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(Des)Proporcionalidade na Câmara de Deputados: dilemas, impasses e saídas 255<br />

controle estados mais dependentes da União, basicamente os menos sujeitos<br />

à contestação política.<br />

Com a redemocratização no pós-1988, a desproporcionalidade foi mantida<br />

em nome da superação das desigualdades regionais, mas também em razão<br />

da dificuldade política de refazer o pacto federativo, notadamente na Constituinte<br />

(1987-88) 2 .<br />

Tudo somado, o país avança no século XXI com um sistema legalmente<br />

proporcional, mas cuja formalidade legal e política o contradita. Daí a retomada<br />

do tema em projetos de reforma política que, contudo, são vetados pela<br />

própria formatação do sistema político, que induz ao enraizamento da desproporcionalidade<br />

na sociedade e vice-versa.<br />

De certa forma, os estados do Sul e principalmente do Sudeste parecem<br />

aceitar a desproporcionalidade, em termos valorativos, em razão da permanência<br />

de extremas desigualdades socioeconômicas regionais. Uma espécie de<br />

“recompensa” política parece estar por trás dessa aceitação.<br />

Nesse sentido, pode-se comparar a desproporcionalidade política com a<br />

chamada “guerra fiscal”, em que estados e municípios de quase toda a federação<br />

– notadamente os mais pobres e/ou menos industrializados – reduzem<br />

ou mesmo isentam impostos visando atrair empresas, sejam industriais ou<br />

de serviços. Embora, como se sabe, os efeitos tributários sejam perversos, a<br />

intenção declarada desses estados e municípios é tornarem-se polos industriais<br />

e/ou comerciais. O argumento central é que, sem tais incentivos tributários,<br />

jamais haveria desenvolvimento econômico e social. Espera-se que esse caminho,<br />

mesmo não sendo adequado ou correto, do ponto de vista da lógica<br />

(que se pretenderia harmônica) da federação, seja aceitável, por representar<br />

solução possível em meio às desigualdades regionais. Acredita-se, portanto,<br />

que as desigualdades regionais sejam reconhecidas e compensadas, na medida<br />

em que somente dessa forma o país como um todo se desenvolveria, uma vez<br />

que priorizaria também as regiões menos desenvolvidas.<br />

Pode-se dizer que há, no universo simbólico do debate público, uma espécie<br />

de discriminação positiva – no sentido dado às políticas sociais dirigidas a<br />

2<br />

Deve-se apontar também os efeitos da desproporcionalidade em partidos políticos específicos,<br />

no esteio de vasta bibliografia sobre a questão da desproporcionalidade no sistema<br />

representativo brasileiro.

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