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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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Decadência da democracia e reforma política 51<br />

cadência, crise e “ajustes” se convertem um no outro, necessariamente, nos<br />

últimos 40 anos.<br />

A decadência, como crise em processo, converte-se em crise da política,<br />

impulsionada pela sucessão de ajustes exigidos pelos credores-manipulares da<br />

dívida pública. Hobsbawam referiria a este processo, depois da derrocada soviética,<br />

como a trágica “herança dos vencedores”, que já era visível desde a<br />

década de 1970 do século XX. Foi o impulso de degeneração da política, com<br />

argumentos de “técnica” econômica (chamada pelos primeiros experimentos<br />

ultraliberais) que transformaram a dissidência política da esquerda, em particular,<br />

num confronto da política, em geral, com a racionalidade urgente do<br />

capital financeiro.<br />

Entre vários, um livro importante tratou do assunto na década de 1990.<br />

E não foi escrito por nenhum revolucionário marxista, Rebelião das elites e a<br />

traição da democracia, de Christopher Lasch: “A democracia [diz o autor] exige<br />

também uma ética mais fortalecedora do que a tolerância. A tolerância é uma<br />

coisa boa, mas é apenas o ponto de partida da democracia, não o seu destino.<br />

Na nossa época, a democracia está sendo ameaçada mais seriamente pela indiferença<br />

do que pela intolerância ou superstição” (Lasch, 1995).<br />

A transição, nos últimos cinquenta anos, de um capitalismo industrial mais<br />

estabilizado e previsível para um capitalismo capturado pelos movimentos<br />

globais indeterminados do dinheiro (e para a abertura de um espaço de anomia<br />

para a acumulação sem trabalho) teve um impacto profundo nos países de<br />

fora do núcleo orgânico do sistema do capital. São países que enfrentaram os<br />

desafios de governar adaptando, em menor ou maior grau, a visão clássica da<br />

soberania anti-imperialista (com possível respaldo no “bloco soviético”), para<br />

uma nova postura visionária de cooperação interdependente com soberania<br />

(com o alargamento de todas as relações internacionais).<br />

Embora estejamos nos referindo ao quadro das democracias nas sociedades<br />

capitalistas, a questão democrática – tomada como o avesso do autoritarismo<br />

e da centralização burocrática do poder – é uma questão universal. Ela se<br />

evidencia também (e ainda com mais força penetrante) no Estado e na vida<br />

cotidiana de um autêntico projeto socialista. É István Mészáros quem lembra:<br />

“O grande erro das sociedades pós-capitalistas foi o fato de elas terem<br />

tentado compensar a determinação estrutural do sistema que herdaram pela

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