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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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160 Reforma política democrática<br />

evidencia uma diminuição no número de mulheres eleitas para a posição de<br />

deputado estadual em 2014 com relação a 2010.<br />

Mas, se forem analisados os números significativamente maiores de mulheres<br />

candidatas nas eleições de 2012 e 2014 e o de eleitas e comparados com<br />

anos anteriores, é inevitável a constatação de que as chances de sucesso eleitoral<br />

das mulheres têm piorado com o passar dos anos 13 . Esses dados evidenciam<br />

que o principal problema não está nas candidaturas – pois, ainda que não<br />

haja paridade com os homens, o percentual de mulheres entre os candidatos<br />

é significativamente superior ao percentual de mulheres entre os eleitos – mas<br />

sim nos obstáculos relacionados ao processo eleitoral em si. Isso conduz à<br />

conclusão de que para aumentar a representação das mulheres é necessário<br />

não somente garantir o cumprimento das cotas, mas também haver regras<br />

eleitorais que nivelem as condições de disputa pelo voto.<br />

Uma questão comum, posta por pessoas pouco familiares com o funcionamento<br />

da engenharia eleitoral e seus impactos, é por que, tendo uma cota de<br />

30%, a presença de mulheres em posições legislativas no Brasil não aumenta<br />

na mesma proporção. Como será visto aqui, embora com variações bem menores<br />

que no Brasil, a performance eleitoral das mulheres em países da América<br />

Latina que adotam cotas difere internamente do percentual de candidaturas<br />

e varia de país para país com igual percentual de cotas. Isto se deve aos fatores<br />

relacionados à engenharia eleitoral, descritos e explicados a seguir.<br />

Vários autores que estudam o impacto das cotas no aumento de cadeiras legislativas<br />

para as mulheres na América Latina têm afirmado que um retorno mais<br />

próximo do seu percentual é observado nas seguintes condições: a) quando o<br />

sistema eleitoral é Representação Proporcional (RP) com lista fechada; b) quando<br />

há mandato de posição, isto é, regras que regulamentam a posição dos candidatos<br />

de cada sexo nas listas de acordo com o percentual das cotas; c) e quando há<br />

mecanismos de controle efetivos para impossibilitar o descumprimento das cotas<br />

e das regras de sua aplicação pelos partidos (Htun e Jones, 2002; Jones, 2008;<br />

13<br />

A taxa de sucesso eleitoral das mulheres (ou razão de chances – uma medida estatística que<br />

compara o número de candidaturas em relação ao de eleitas) tem diminuído de eleição para<br />

eleição. Na verdade, ela era significativamente superior antes da implementação das cotas,<br />

dado que o percentual de mulheres entre os eleitos era maior que o de mulheres entre os<br />

candidatos. Para uma análise sobre esta questão, ver: Sacchet, 2011.

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