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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

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Reforma política e participação popular 219<br />

mento e controle do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação<br />

Básica (Fundeb) e conselhos da criança e adolescente, todos com taxa de cobertura<br />

acima de 90%.<br />

Destaca-se ainda a participação da sociedade nas conferências de políticas<br />

públicas 2 realizadas nos níveis municipal, estadual e nacional. Entre 1989 e<br />

2014, mais de 40 temas de políticas públicas foram objeto de debate nas conferências<br />

realizadas nos vários ambitos da federação, envolvendo um enorme<br />

contingente de pessoas. Durante o governo Lula, as conferências tiveram significativa<br />

expansão. Ocorreram 75 conferências nacionais, sendo que, “em<br />

muitos casos, a realização das conferências atendeu a antigas reivindicações de<br />

movimentos e atores sociais e representou o resgate de dívidas históricas com<br />

determinados setores da sociedade” (SG/PR, 2014: 72).<br />

Diversos pesquisadores têm chamado a atenção para a forma como essas instituições<br />

têm impactado o funcionamento do sistema político brasileiro, com<br />

implicações no debate sobre a democracia aqui e alhures. Leonardo Avritzer<br />

calcula que nas etapas municipais, estaduais e nacionais, as conferências mobilizaram<br />

6,5% da população brasileira (Avritzer, 2012), enquanto Thamy Pogrebinschi<br />

destaca a influência das conferências sobre a agenda dos poderes Executivo<br />

e Legislativo no plano federal (2010). Nessa mesma direção, Adrian Gurza<br />

Lavalle constata os avanços e a institucionalização das instituições participativas<br />

no Brasil ao longo dos últimos 30 anos e afirma que, dada suas características<br />

e nível de institucionalização, a participação hoje se configura como uma “feição<br />

institucional do Estado no Brasil”. Analisa o pesquisador: “[a participação]<br />

tornou-se progressivamente, nos anos da pós-transição, parte da linguagem jurídica<br />

do Estado e atingiu patamares de institucionalização ímpares não apenas<br />

na história do país, mas em outras democracias” (2011, p. 13).<br />

2<br />

As conferências são instâncias participativas de caráter periódico que têm como função incidir<br />

sobre o processo de formulação da agenda em uma área específica de política setorial.<br />

No geral, as conferências implicam a realização de etapas nacional, estadual, distrital e municipal,<br />

de tal forma que todos os cidadãos interessados possam ter sua voz no processo de<br />

discussão da política pública. As conferências produzem relatórios finais que devem orientar<br />

a ação dos governos, nas temáticas abordadas, nos diferentes níveis da federação. As conferências<br />

são convocadas pelo Poder Executivo em estrita articulação com os conselhos de<br />

políticas públicas.

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