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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

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208 Reforma política democrática<br />

Ao contribuir para a sobrevivência dos partidos pequenos e nanicos, as<br />

coligações eleitorais também são criticadas por fomentar e aumentar a fragmentação<br />

partidário-parlamentar. Consequentemente, a suposição é a de que<br />

quanto maior o número de partidos efetivos na arena parlamentar, maior a<br />

divisão do Poder Legislativo, tornando as relações com o Poder Executivo e a<br />

governabilidade do país mais complexas e instáveis.<br />

Não obstante, dado o contexto federativo presidencialista de atuação dos<br />

partidos, o qual produz dinâmicas de competição ao mesmo tempo estadual<br />

e nacional, aproximando dois sistemas eleitorais, o recurso às coligações continua<br />

sendo fundamental para os partidos políticos – sejam grandes, sejam<br />

pequenos – organizarem estratégias de sobrevivência em cada um desses níveis<br />

de disputas. Ao ser bem-sucedida nesses complexos jogos de coordenação<br />

eleitoral, a maioria dos partidos continua se beneficiado das coligações, quer<br />

expandido representação parlamentar pelo território nacional, o que, por sua<br />

vez, tem sido crucial para o grau de nacionalização alcançado pelos maiores<br />

partidos; quer, sobretudo, garantindo vantagens competitivas nas disputas<br />

majoritárias a um número reduzido de legendas. Nesse sentido, reafirmo que,<br />

se o caráter pluralista e competitivo do sistema partidário é, certamente, um<br />

aspecto positivo da democracia representativa brasileira, as coligações têm sido<br />

um recurso imprescindível.<br />

Para dar conta da distorção resultante da baixa representatividade partidária,<br />

um remédio já foi sugerido por alguns analistas: a adoção de procedimento<br />

matemático que possibilite a distribuição de cadeiras entre os partidos que as<br />

compõe, segundo a proporção de votos obtida por cada um. Como hoje todos<br />

os votos obtidos por cada partido da coligação são somados para calcular o<br />

número de cadeiras que caberá à coligação, para somente então distribuírem<br />

esses assentos entre os candidatos mais votados na chapa, acabam sendo eleitos<br />

candidatos de partidos com fraca representação. Ao mesmo tempo, existem<br />

partidos com altas votações que elegem menos representantes porque seus candidatos<br />

individualmente foram menos votados na lista partidária.<br />

Enfim, as coligações são criticadas também por constranger a inteligibilidade<br />

do eleitor sobre o processo eleitoral, o que dificultaria a construção de<br />

identidades partidárias razoavelmente definidas. Esse problema seria o resultado<br />

da realização de coligações na arena eleitoral inconsistentes programatica-

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