REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA
Reforma-política-BAIXA
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166 Reforma política democrática<br />
particularmente às do Brasil. Os eleitores têm duas opções: a) votar em candidatos<br />
individualmente em números proporcionais aos de assentos do distrito,<br />
distribuindo seus votos entre candidatos do mesmo partido, de diferentes<br />
partidos (conhecido como pabachage), ou ainda votar várias vezes para um<br />
mesmo candidato; b) votar apenas no partido, ou seja, na lista partidária. Se<br />
eles optarem pela segunda alternativa, eles estarão automaticamente elegendo<br />
50% de mulheres, pois as listas dos partidos são compostas com paridade de<br />
candidaturas de cada sexo em posições alternadas. Esta segunda opção de<br />
voto tem sido majoritariamente preferida pelo eleitor equatoriano 15 , o que<br />
faz com que, na prática, o sistema eleitoral do Equador funcione como se<br />
fosse de RP com lista fechada 16 .<br />
A forma como o sistema eleitoral funciona no Equador é, portanto, diferente<br />
da do Brasil, no qual as cadeiras conquistadas por partidos ou coligações são<br />
proporcionais ao total de votos que eles obtêm nas urnas e os candidatos eleitos<br />
são aqueles que individualmente conquistarem o maior número de votos entre<br />
esses. Por conseguinte, há uma independência grande dos candidatos com relação<br />
a seus partidos, e as eleições se constituem efetivamente em disputas entre<br />
candidatos. Isso, além de encarecer o pleito, transforma-o em uma competição<br />
desigual entre candidatos com mais e com menos recursos de campanha, desfavorecendo<br />
as mulheres, como será argumentado mais à frente.<br />
15<br />
Quero agradecer a Mala Htun e John Polga-Hecimovich por me ajudarem a encontrar uma<br />
explicação para a aparente excepcionalidade do caso equatoriano entre os países com RP e<br />
listas abertas.<br />
16<br />
Não é objetivo deste artigo analisar o comportamento do eleitor equatoriano, o que requereria<br />
análise além do escopo deste estudo, mas algumas hipóteses podem ser levantadas.<br />
Uma delas é a simplificação do voto em lista frente à opção de votar para muitos candidatos<br />
individualmente; outra é o costume do eleitor com este tipo de voto, já que a lista fechada<br />
era utilizada no Equador antes da sua reforma política; uma última é que o voto em lista<br />
se deve a um apoio massivo do eleitor ao governo do presidente Rafael Correa. Neste caso,<br />
na verdade, trata-se de voto na lista do Alianza PAIS, partido do presidente. Nas últimas<br />
eleições, este partido conquistou 100 cadeiras parlamentares, das quais 48 foram ocupadas<br />
por mulheres. A oposição, porém, conquistou 37 vagas, das quais apenas 9 foram para as<br />
mulheres. Ou seja, as mulheres eleitas na Assembleia da República do Equador são predominantemente<br />
do Alianza PAIS. Devo esta última análise e informação sobre a representação<br />
das mulheres na Assembleia da República do Equador a John Polga-Hecimovich. Para uma<br />
análise sobre a influência do presidente Rafael Correa no resultado eleitoral do Equador, ver:<br />
Polga-Hecimovich, 2014.