REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA
Reforma-política-BAIXA
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Decadência da democracia e reforma política 53<br />
dinheiro, que era relevante como organizador da política democrática, passa a<br />
ser a sua própria força reguladora em todas as esferas de disputa.<br />
As instabilidades nas “negociações”, que caracterizam qualquer democracia,<br />
não só têm razões materiais e políticas de fundo, mas também são produtos<br />
de estímulos “pensados” pelos gestores políticos dos grandes meios de<br />
comunicação, que já se constituem como novos partidos organizadores da<br />
agenda neoliberal. Estes aparatos partidários de novo tipo, na verdade, capturaram<br />
o “programa” dos partidos tradicionais mais reacionários e/ou conservadores<br />
e optaram por solucionar as crises, sustar a decadência democrática,<br />
em função dos seus interesses estratégicos de dominação, não com mais, mas<br />
com menos democracia.<br />
Democracia despida tanto de conflitos como de processos de concertação,<br />
para torná-la dirigida por uma “visão técnica”, sem política, sem ruas em movimento.<br />
Ação política “limpa” de qualquer resíduo popular, apoiada nas altas<br />
classes médias e na alta burocracia estatal de todos os Poderes. O sistema político,<br />
bloqueado. Os partidos, desmoralizados. O povo, insatisfeito. Está dado,<br />
assim, o quadro para no mínimo a hidra totalitária expressar-se precariamente<br />
como uma tentação autoritária, com uma “flexibilidade institucional” à direita.<br />
Mesmo os processos de “concertação” como instrumentos de produção<br />
ideológica de políticas democráticas não são aceitos pelo neoliberalismo, porque<br />
causam problemas para a fluidez das operações do capital financeiro. Este<br />
exige urgência e disciplina porque precisa acumular celeremente, “sem trabalho”<br />
e sem política, para mover-se principalmente a partir da especulação<br />
da dívida pública. O ritual democrático, o diálogo, o debate parlamentar, a<br />
participação direta da cidadania nas questões públicas irritam os defensores<br />
do projeto neoliberal. Eles veem, no “público”, uma barreira à “naturalização”<br />
do domínio do mais forte, que detém o dinheiro cada vez mais “falso” e mais<br />
descolado da produção.<br />
A relação do dinheiro com a política não é necessariamente ilegal, é óbvio,<br />
mas, drenado legal ou ilegalmente para a política, sempre foi um fator<br />
de desigualdade nas disputas eleitorais. Enquanto esta relação funcionava na<br />
legalidade formal, apenas como um elemento de desigualdade entre os mais<br />
ricos e os mais pobres para fazer política – ou seja, uma corrupção substancial<br />
da igualdade dentro dos marcos da legalidade –, o dinheiro na política não era