REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA
Reforma-política-BAIXA
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Decadência da democracia e reforma política 55<br />
de tempo de televisão, por partidos do “mercado” eleitoral, bem como a proibição<br />
de empresas financiarem partidos e campanhas eleitorais.<br />
Este “programa mínimo” é que deveria ocupar os partidos de esquerda e o<br />
centro democrático e progressista que pretendem se contrapor ao decadentismo<br />
neoliberal. É preciso que fixemos um ponto de acordo no interior da esquerda<br />
que, por mais divergências que tenhamos, deve nortear uma estratégia<br />
de médio prazo: a decadência das instituições democráticas e da democracia<br />
política, asfixiada pela mídia partidarizada, favorece a emergência de um fascismo<br />
novo tipo, e não de um socialismo novo tipo, que não será construído<br />
fora da democracia política.<br />
A conversão do dinheiro em política e da política em dinheiro faz parte<br />
do “ser social” do capital. Nele, o dinheiro necessariamente faz a mediação do<br />
fazer político, ora como moldagem da ação, construindo, limitando ou ampliando<br />
a potência construtiva ou destrutiva da política, ora sendo ele mesmo<br />
(o dinheiro) o conteúdo da política, quando, de forma direta, compra e vende<br />
consciências, posições e organismos invisíveis, legais ou ilegais, para constituir<br />
o fazer político com o objetivo de acumular.<br />
Sem desrespeitar frontalmente as leis, mas afrontando princípios da constituição<br />
democrática, a “dinheirização” da política com a “compra” de siglas e<br />
o financiamento empresarial legal de partidos e eleições são procedimentos tão<br />
substancialmente corruptos como as ilegalidades que promovem interesses de<br />
empresas ou carreiras corrompidas, às vezes consideradas como excepcionais.<br />
Este sistema opera, para ser eficaz, naquela “zona gris”, como diria Ibsen, não<br />
necessariamente contra a lei, mas tampouco moralmente correta ou legítima,<br />
do ponto de vista dos princípios da ordem constitucional democrática 2 .<br />
No campo mais rebelde e fragmentário da crise democrática, as novas formas<br />
de luta, inclusive as militâncias “pré-figurativas” que se conformam como<br />
resistência e moda política (que não se sabe, ainda, para onde se dirigem), sejam<br />
elas de natureza ambientalista (“Salvem as baleias!”), seja através da exibição do<br />
2<br />
MORETTI, Franco. “La Zona Gris – Ibsen y El espíritu del capitalismo”. In: New Left<br />
Review, Ed. Akal SA., n. 61, mar-abr. 2010, p. 111. “Com a zona gris temos a coisa, mas<br />
não a palavra. A primeira realmente se a temos: uma das maneiras entre as quais se acumula<br />
capital é invadindo qualquer nova esfera de vida – ou inclusive criando-as, como o mundo<br />
paralelo das finanças – e nestes novos espaços as leis são mais incertas e o comportamento<br />
pode voltar-se profundamente equívoco. Equívoco: não ilegal, mas tampouco correto”.