03.09.2015 Views

REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

Reforma-política-BAIXA

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

30 Reforma política democrática<br />

ruas? As pesquisas de opinião, então realizadas, deixaram claro que a maioria<br />

da população gostou da ideia do plebiscito e mais gente ainda apoiou a<br />

reforma política feita por um grupo de representantes eleitos para esse fim.<br />

Em 2013, pouco antes das manifestações, a Fundação Perseu Abramo (FPA)<br />

encomendou uma pesquisa de opinião pública sobre a questão. O resultado<br />

coletado apontou que 75% dos eleitores eram favoráveis. Em agosto de 2013,<br />

pouco depois das manifestações, uma pesquisa Ibope-OAB revelou que 85%<br />

dos entrevistados eram favoráveis à reforma política e a seu encaminhamento<br />

por projeto de iniciativa popular legislativa. Ou seja, a população apoiou as<br />

propostas populares de reforma política, seja pela via do plebiscito, seguido da<br />

constituinte exclusiva ou iniciativa popular de lei.<br />

Mas quem não quis e não quer que o dêmos, por meio de mecanismos<br />

participativos e diretos, assuma para si a responsabilidade de autorizar a realização<br />

de uma tarefa democrática que os seus representantes parlamentares<br />

não têm se mostrado capazes ou desejosos de implementar? Os conservadores.<br />

A começar por um número significativo de parlamentares e lideranças políticas,<br />

destacando-se alguns notáveis do PMDB, como o vice-presidente da<br />

República e o presidente da Câmara dos Deputados. Segundo Michel Temer,<br />

“uma constituinte exclusiva para a reforma política significa a desmoralização<br />

absoluta da atual representação. É a prova da incapacidade de realizarmos a<br />

atualização do sistema político-partidário e eleitoral”. Mas essa incapacidade,<br />

embora lamentável e desmoralizante, é um fato. O processo da reforma política<br />

remonta aos anos 1990, mas as mudanças continuam travadas. Temer coloca<br />

os representantes acima dos representados, isola e congela as instituições<br />

representativas para protegê-las do calor transformador da soberania popular,<br />

concebendo-as como intocáveis, seja pela democracia direta (plebiscito), seja<br />

pela constituinte exclusiva – vista por ele como uma exceção inaceitável, ao<br />

menos por ora. Posição tipicamente conservadora, rigidamente apegada à âncora<br />

da democracia representativa, embora a Constituição de 1988 possua<br />

uma concepção mais ampla de participação democrática, que vai além do<br />

sistema representativo formal.<br />

Já Ives Gandra constrói seu argumento em direção oposta e aberta à mudança.<br />

Ao defender a constituinte exclusiva da reforma política, desde que<br />

legitimada por plebiscito ou referendo, diz:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!