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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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294 Reforma política democrática<br />

lítico. Propôs e aprovou, neste período, apenas pequenas mudanças que não<br />

mexeram nas questões estruturais. Claro que é essencial compreendermos que<br />

um Congresso de perfil conservador é consequência, entre outras, da regra<br />

atual do sistema eleitoral, marcada pela forte influência do poder econômico<br />

nas eleições. Decorre disso a grande resistência de parte do Congresso em<br />

proibir empresas de realizar contribuições financeiras para partidos e eleições<br />

em todos os níveis.<br />

Numa rápida recapitulação de experiências mais recentes sobre alterar o<br />

sistema político no Congresso em 2007, nós tivemos como relator da Reforma<br />

Política o ex-deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), identificado historicamente<br />

como um político conservador. No entanto, na proposta que ele apresentou<br />

havia diversos aspectos bastante progressistas, como o financiamento<br />

público e o voto em lista. Apesar de ser um representante do campo conservador<br />

– teoricamente com mais chances de garantir a aprovação – a proposta<br />

foi derrotada. Foi a única vez que uma proposta de reforma política chegou<br />

ao plenário da Câmara Federal, mas em uma manobra para votação ganhou<br />

preferência o projeto que derrubava o financiamento público e o voto em lista.<br />

Depois da derrota do chamado Relatório Caiado, assumi a relatoria da Comissão<br />

Especial da Reforma Política de 2011 a 2013. Entre as alterações negociadas<br />

da proposta original, por exemplo, propusemos um sistema de lista<br />

flexível, o chamado Sistema Belga, em que os votos obtidos por uma legenda<br />

reforçam os primeiros da lista, mas o eleitor continua com a liberdade de votar<br />

num partido, como é hoje quando quer votar na legenda, ou votar nominalmente<br />

num deputado. Mesmo com todas as mediações feitas, não foi possível<br />

sequer a possibilidade de o relatório ser debatido em Plenário. Mais uma vez, os<br />

setores apoiados pelo poder econômico se mobilizaram para impedir o relatório<br />

de ser votado, visto que reintroduzia o Financiamento Público Exclusivo. Outro<br />

exemplo é o caso dos partidos pequenos que obstruíram a proposta devido ao<br />

fim das coligações proporcionais. Esse é outro fenômeno no parlamento: quando<br />

se pretende mudar vários itens de um sistema, a cada item um grupo de força<br />

se une para confrontar o projeto. Estes grupos preferem obstruir o todo para<br />

não correr o risco de perder o item que consideram relevante para sua própria<br />

existência. A soma das ações e manobras desses grupos de interesse inviabilizou<br />

a votação do relatório da Comissão Especial da Reforma Política em 2012.

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