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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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196 Reforma política democrática<br />

mocrático (PSD). Este partido reunia os chefes políticos estaduais ligados ao<br />

Estado Novo, o regime ditatorial que promovia sua própria abertura naquele<br />

ano. A fórmula deu certo, pois o PSD, com pouco mais de 40% dos votos<br />

líquidos para a Câmara dos Deputados, elegeu 151 deputados entre 286.<br />

Essa regra leonina ampliava a maioria parlamentar, na linha da eficiência<br />

governativa. A desigualdade que produzia foi atenuada pelo Código Eleitoral<br />

de 1950, o qual adotou o critério até hoje utilizado: as sobras são distribuídas<br />

de modo mais proporcional à votação de cada partido. (Costa, 1964)<br />

Alguns países introduziram mecanismos que têm a mesma lógica do nosso<br />

em 1945, de sacrificar a proporcionalidade de modo a obter maiorias parlamentares<br />

amplas o bastante para garantir o funcionamento do governo. Na<br />

Grécia, por exemplo, cujo Parlamento tem 300 membros, o partido mais votado<br />

ganha 50 cadeiras a mais. Na Itália, há uma vantagem ainda maior, pois<br />

o partido mais votado – ou coligação mais votada – fica com 55% das cadeiras<br />

na Câmara dos Deputados (340 cadeiras em 650), desde que tenha alcançado<br />

ao menos 37% dos votos populares. Como são países parlamentaristas, isso<br />

oferece aos seus governos um cenário de relativa tranquilidade política para<br />

assumir e introduzir seus programas de trabalho, sem as complicadas negociações<br />

exigidas para formar governos em sistemas multipartidários.<br />

Em países presidencialistas com muitos partidos, a separação de poderes<br />

reduz o problema, mas não o elimina. O governo é formado a partir de eleição<br />

direta, independente do resultado da votação para o Legislativo. Mas não<br />

consegue governar eficazmente sem base parlamentar suficiente. Ora, a organização<br />

da base de apoio é dificultada pela fragmentação partidária, segundo<br />

enfatizam os diagnósticos favoráveis à reforma política.<br />

Na agenda brasileira atual, discutem-se dois caminhos para reduzir a fragmentação<br />

de bancadas parlamentares: um é a proibição de coligações em eleições<br />

proporcionais; outro, a introdução de cláusula de desempenho mínimo.<br />

Note-se que não se trata de reduzir o número de partidos em si, mas de controlar<br />

o acesso a cadeiras parlamentares.<br />

No Brasil, é permitida a coligação de partidos tanto para eleições majoritárias<br />

quanto para proporcionais. A coligação para eleições majoritárias – de<br />

presidentes, governadores, prefeitos e senadores – não está em debate. Já a<br />

coligação para eleições proporcionais é muito questionada.

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